sábado, 18 de maio de 2013

Sala de Recursos Multifuncionais - Implantação

Esse  apoio  é  fundamental  pra  inclusão  ser  constituída.
O manual explica em detalhes tudo que é necessário pra implantação da sala de recursos nas escolas.
Mais um instrumento pra democracia da educação.
Fico feliz em poder divulgar através do blog da educadora especial, agora mãos a obra e amor na execução de cada etapa.


Magda Cunha




  


A  distribuição  do  Manual de Orientação do Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais   tem  como  objetivo  informar  os  sistemas  de  ensino  sobre  as ações deste Programa,  instituído  pelo  Ministério  da  Educação,  por  meio  da  Secretaria  de  Educação Especial/SEESP,  para  apoiar  a  organização  do  atendimento  educacional  especializado-AEE    aos    alunos    com   deficiência,   transtornos   globais   do   desenvolvimento   e   altas habilidades/superdotação,  matriculados  no  ensino  regular.

A implantação das Salas de Recursos Multifuncionais nas escolas comuns da rede pública de ensino atende a necessidade histórica da educação brasileira, de  promover as condições de acesso, participação  e  aprendizagem   dos  alunos  público  alvo  da  educação  especial  no ensinoregular, possibilitando  a  oferta  do  atendimento  educacional  especializado, de forma não substitutiva à escolarização.

A construção de políticas públicas inclusivas,  de acesso aos serviços  e  recursos  pedagógicos  e  de  acessibilidade  nas  escolas  regulares,  eliminam a discriminação  e  a  segregação, superando o modelo de escolas e classes especiais.

Nessa perspectiva, os sistemas  de  ensino  modificam  sua  organização,  assegurando  aos  alunos público alvo da educação especial a matrícula nas classes comuns e  a oferta do atendimentoeducacional  especializado, previsto  no  projeto  político  pedagógico  da  escola.

A educação inclusiva é um direito assegurado na Constituição Federal para todos os alunos e a  efetivação  desse  direito  deve  ser  cumprido  pelas  redes  de ensino,sem nenhum tipo de distinção.

Assim,  o Programa  de  Implantação  de  Salas   de   Recursos  Multifuncionais  constitui  uma
medida estruturante para a consolidação de um sistema educacional inclusivo que possibilite garantir uma educação de qualidade.



Claudia Pereira Dutra - Secretária de Educação Especial / MEC

PC - Paralisia Cerebral depoimento e conduta para inclusão


                                   Bruno Daniel Marzano de Almeida

                         Este post  eu vivi literalmente


Aos vinte e cinco anos de idade em 1990 tive meu terceiro filho. Ele teve uma complicação nos primeiros dias após o parto, que culminou em sequela cerebral e foi necessário uma correção cirúrgica cardíaca.
Com perda de um terço do cérebro na região ocpital, e mais um poro encefalo do lado temporal direito, a perspectiva era quase nada de visão e hemeplegia (paralisia) do lado esquerdo.

Foi muito difícil ouvir o diagnóstico de pc (paralisia cerebral), mas com a força de Deus e apoio de minha mãe, consegui conciliar a maternidade dos três filhos e encontrar os caminhos para o tratamentos desde que ele obteve alta hospitalar, por volta dos três meses.

O tratamento iniciou aos quatro dias no Hospital das Clínicas setor cardíaco, aos três meses recebeu alta e foi encaminhado para a neurologia setor da estimulação precoce, concomitantemente foi atendido na Santa Casa de Misericórdia  no setor da visão subnormal, pela Drª Silvia Vaez e  Drª Amarilda Bruno, que prescreveram lentes convergentes pra estimular sua visão. 

Do nono até uma ano e meio ganhou uma bolsa na escola Jaty Maternal e Jardim especializada em deficientes neurológicos, do Sr. Cutrale, o "rei" do suco de laranja do Brasil, através do pedido do meu cunhado que era seu funcionário direto. Utilizou aparelho nas pernas durante o dia para retardar a marcha e estimular o equilíbrio. Passou a ser atendido no Laramara para estimulação de visão e equilíbrio, clínica rescém inaugurado pelas Drª Silvia Vaez e  Drª Amarilda Bruno. Deixou de usar óculos no final desta fase.

Dos dezenove meses até quatro anos foi  atendido pela AACD e UNICID na reabilitação, com hidroterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia , psicologia e psicomotricidade, continuou no Laramara. Iniciou a marcha aos dois anos com botas adaptadas pra seu melhor desempenho e escolaridade para socialização aos três anos, em escola particular. Aos quatro anos foi pra EMEI. Passou usar ortese no braço esquerdo.

Dos cinco aos nove anos teve os atendimentos domiciliares de fono e psicomotricidade, fisioterapia no consultório. Acompanhamento visual em médico particular, com encaminhamento do Laramara. Realizou sua segunda cirurgia cardíaca no final desse ano. Dos cinco em diante cursou escolas particulares regulares, com número reduzido de crianças. Manteve o uso da ortese na mão esquerda, calçados ortopédicos, todo material escolar adaptado, como livros ampliados, prancha inclinada pra auxiliar na reflexão da luz, lápis de grafite macia e todo tipo de apoio pro seu desenvolvimento cognitivo.

Dos dez aos quinze anos praticou exercícios em casa com supervisão semanal, além de equipe multifuncional tendo condutor para baixa visão, psicologa, fono e fisioterapia em consultório e oftalmo, todos particulares. Aos dez anos operou o braço esquerdo pra corrigir desvio lunar e iniciou uso de aparelho ortodôntico. Aos quinze anos ingressou no sistema público de ensino, no curso médio regular. Manteve o uso da ortese no pós cirúrgico. Iniciou a compensação com palmilha em sapatos comuns e retirou o aparelho ortodôntico.

A partir dos dezesseis anos estava com sua reabilitação completa, bastava alongamentos diários, o uso de aparelho ortopédico superior foi suspenso, manteve a palmilha de compensação. Seguiu com consultas regulares ao neurologista, ortopedista, cardiologista e oftalmologista. Realizou sua terceira cirurgia cardíaca no final desse ano.

Aos dezoito anos ingressou na FATEC de São Caetano, vaga pra deficiente, precisou de ledor no vestibular. Porém a escola não estava preparada pra atender as diferenças, não tem currículo adaptado, nem professores treinados e isso inviabilizou seu percurso. Desistiu depois de  ficar três semestres em dependência da disciplina matemática I, sempre por um ou meio ponto da média oficial.

Aos vinte anos iniciou seleção pra trabalho  com vaga pra deficiente pela Agência Ame, foi aprovado no Banco Santander, e está muito bem integrado, na função de Assistente Administrativo até o hoje. Voltou a utilizar a ortese por encurtamento do tendão do braço esquerdo.

Aos vinte e um anos iniciou Designer Gráfico na Unip, a segunda faculdade também não tem professores preparados, ou mesmo currículos alternativos, e até o presente momento ele vem lutando pra conseguir ser atendido em suas necessidades. 

Hoje aos vinte e três anos é portador de hemeparisia (só membro superior com função diminuída), usa aparelho para ajudar a função da mão, palmilhas pra compensação, tem perda de cinquenta-direito / esquerdo - setenta por cento de lateralidade na visão, acompanha com oftalmo, neuro e cardiologista.

Meu filho nasceu no momento da transição na educação especial, isso foi bom, pois me deu argumentos pra enfrentar barreiras e poder mante-lo em classe regular, de ter oportunidade de socialização e total aproveitamento de suas capacidades e habilidades.

Não foi um caminho fácil, sofreu bulling dos amigos, falta de preparo dos professores e preconceito das escolas por parte da coordenação e direção escolar, que viam em minhas reivindicações uma exceção à regra e por conseguinte prejuízo aos demais alunos.

Certamente encontrou almas boas e generosas, amigos que expressaram total envolvimento, como na EMEI seu amiguinho William fazia conchinha no bebedouro pra ele conseguir beber água, o empurrava na balança e o ensinou a não temer a gangorra e escorregador. No ensino fundamental a amiga Bia Mazarope o auxiliava na cópia das lições e emprestava material pra trazer pra casa, e o tratava com cuidado especial espontaneamente. No ensino médio teve uma coordenação e professores melhores adaptados à inclusão e conseguiu concluí-lo com auxilio de professores particulares. Na FATEC teve o amigo Alan, seu braço direito.

Mas nada dissuadiu Bruno, continua tentando encontrar seu lugar ao sol, é forte, persistente, sensível, afetivo, solidário e amoroso.

Tudo que fizemos valeu, sinto que ele tem condições de manter-se financeiramente, constituir uma família e suas diferenças estão completamente adaptadas à sociedade. 

Espero nessa trajetória ter sensibilizado aos pais e equipe docente, ter provocado reflexão e alterado a perspectiva da inclusão.

A mim certamente mudou, para melhor auxilia-lo fiz o curso Técnico Magistério, após Pedagogia e por fim a Especialização em Psicopedagogia.

Esse blog é fruto dessa experiência e sinto que tenho contribuído na divulgação da inclusão   e instrumentos pra trilhar esse caminho com entusiasmo, amor e esperança.

Magda Cunha



A  seguir uma publicação do blog  Educadora Especial.


Crianças Especiais - Cuidados Ortopédicos na Paralisia Cerebral



O diagnóstico de paralisia cerebral é muito preocupante para a família. Ao contrário do que muitos pensam, não há completa ausência das funções cerebrais, o cérebro não está paralisado - a nomenclatura que é inadequada.



Trata-se de uma lesão no cérebro imaturo. Geralmente em crianças prematuras, com baixo peso e que ao nascerem (por imaturidade pulmonar) não conseguem oxigenar adequadamente o sistema nervoso central. Frequentemente necessitam de internação prolongada em UTI neonatal.



Na maioria das vezes, as áreas envolvidas são predominantemente motoras, não havendo prejuízo na inteligência. É lógico que existem também aquelas com lesões graves no cérebro que repercute não só no controle dos movimentos, como também nas funções intelectuais. Existem exceções a regra, e nem toda criança prematura ou de baixo peso apresenta comprometimento motor durante o desenvolvimento.


A lesão cerebral é estática (não piora), porém o envolvimento articular tende a piorar se não tratado devido à desproporção no crescimento entre ossos normais e músculos espásticos (situação em que os músculos ficam em constante contração, sem relaxamento adequado, tornando-se mais rígidos), crescendo mais lentamente e gerando deformidades articulares.

O que chama atenção inicial é o atraso no desenvolvimento motor (demora a rolar, não sustenta cabeça, por exemplo), além de ter rigidez nas articulações (músculos espásticos), o que pode ser observado na manipulação diária. Algumas apresentam dificuldade de alimentação, refluxo gástrico, alterações visuais e estrabismo. É neste momento que são encaminhadas para avaliação neurológica e o diagnóstico é estabelecido.

Meu filho é especial?

Será que vai andar?

São muitas as expectativas dos pais. Neste momento é fundamental iniciar o tratamento multidisciplinar com fisioterapia (motora, respiratória, terapia ocupacional, fono) junto com a ortopedia pediátrica. Isso deveria ser a rotina, mas na prática o que vemos é que por uma série de dificuldades muitas famílias não conseguem ortopedista pediátrico capacitado para atendimento, acompanhamento, indicação de orteses adequadas, aplicação de Botox - quando indicado, e indicação cirúrgica no momento preciso.




COMEÇAM AS BARREIRAS

A ausência do ortopedista capacitado sobrecarrega o trabalho do fisioterapeuta que, muitas vezes, tem que fazer seu trabalho brilhantemente e ainda indicar orteses. Além disso, quando precisam de opinião médica capacitada, acabam ouvindo de ortopedistas generalistas, que não estão preparados para esta patologia e não se dedicam ao tratamento exclusivo de crianças. Não sabem fazer exame físico adequado de crianças espásticas e com isso começa o conflito de opiniões: um fala uma coisa e o outro fala o oposto,deixando a família perdida e sem saber em quem confiar.


CUIDADOS ORTOPÉDICOS

Desde o início é importante definir para a família o que é espasticidade e falar sobre o prognóstico do desempenho motor, classificar o grau de comprometimento motor.

O envolvimento é do corpo todo?

Só um lado do corpo é envolvido?

Embora o corpo todo seja envolvido, são os membros inferiores mais graves do que os superiores?

Avaliar o estágio do desenvolvimento motor e acompanhar a cada consulta. Monitorar o posicionamento das articulações, em especial quadris, pés e coluna vertebral, com exame físico e de imagem.

A cada consulta deve ser monitorado o grau de movimento das articulações, dando especial atenção aos quadris que, pelo desequilíbrio dos músculos tendem ao deslocamento. Suspeitamos inicialmente pela limitação nos movimentos, algumas vezes dificultando a abertura das pernas para troca de fraldas. Joelhos que não esticam completamente, e pés que ficam fixos para baixo (na ponta), também são motivos de tratamento.

Naquelas que já iniciaram a marcha, as alterações serão analisadas, algumas vezes necessitando de exame conhecido como laboratório da marcha, onde através de gravação em imagem da criança caminhando podemos definir os problemas e oferecer o melhor tratamento.

Promover proteção articular necessária com prescrição de orteses adequadas.
Indicar Botox para controle e relaxamento dos músculos mais envolvidos com protocolo de revisão semestral. Promover correção cirúrgica de deformidades em idades adequadas.

Para o pleno desenvolvimento motor, as crianças espásticas deverão ser submetidas a cirurgias ortopédicas em idades apropriadas. As correções de deformidades em quadris, joelhos e pés, muitas vezes com cirurgias combinadas onde alongamentos tendinosos e cirurgias ósseas são feitas no mesmo momento, são capazes de mudar a historia natural, fazendo com que as crianças caminhem melhor e maiores distâncias, tendo maior independência.


CUIDADO COM “AS ARMADILHAS”

O acompanhamento ortopédico é pontual. Deve iniciar logo que feito o diagnóstico e continuar regularmente a intervalos predeterminados. São os ortopedistas pediátricos que indicam as orteses adequadas, monitoram o posicionamento das articulações, indicam o momento para aplicação de Botox (para relaxamento dos músculos espásticos), assim prevenindo deformidades articulares e indicam os melhores momentos para a realização da cirurgia. O trabalho do fisioterapeuta é contínuo. A integração desses profissionais, "falando a mesma língua" é que leva ao bomtratamento.

Exijam isso dos profissionais, não sejam os intermediadores de opiniões, façam com que um profissional converse diretamente com o outro, isso vai determinar o melhor tratamento.

Não se contentem com os profissionais que definem a criança como cadeirante, sem prognóstico de marcha e que optam por não oferecer nenhum tratamento, sendo negligentes e permitindo que as deformidades piorem cada vez mais, fazendo com que a qualidade de vida da criança e da família seja afetada.


IMPORTANTE

Sempre invistam em seus filhos, as maiores dificuldades serão superadas. É muito gratificante para as famílias verem seus filhos se desenvolvendo, mesmo com algum atraso. Cada ganho, por menor que seja, é importante.

É recompensador poder ajudar e participar do trabalho para torná-los independentes para locomoção, comunicação e socialização.Melhorando a qualidade de vida dos nossos pequenos e dando-osindependência.

Portanto papais e mamães, não esqueçam: tenham total confiança em seus fisioterapeutas, eles são fundamentais. Mas tenham também ortopedista capacitado para o tratamento. Permitam que os profissionais se comuniquem, tirem suas dúvidas, percebam se as atitudes médicas estão sendo coerentes. No final a beneficiada será a criança que tanto queremos ajudar.

Aprendizagem virtual


Fonte: Caldeirão de idéias

http://nteitaperuna.blogspot.com.br/2012/10/ambientes-virtuais-novos-espacos-de.htm

30/10/2012


Ambientes virtuais: novos espaços de aprendizagem?

Ana Beatriz Carvalho

Os LMS – Learning Management System - conhecidos como ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) -  são plataformas criadas para gerenciar a aprendizagem a distância. Com o crescimento da Educação a Distância nos últimos anos, surgiram inúmeras possibilidades para o uso dos espaços virtuais de aprendizagem.  Os ambientes virtuais agregam interfaces que permitem a produção de conteúdos e canais de comunicação, permitem também o gerenciamento de banco de dados e o controle total das informações que circulam no ambiente. As principais formas de utilização de um Ambiente Virtual são as seguintes: 1.Foco nas ferramentas de aprendizagem: a única forma de contato entre alunos e professores é através do ambiente. As ferramentas (aulas virtuais, atividades, textos etc.) são utilizadas em substituição aos encontros presenciais (inexistentes). 2. Foco na comunicação e complementação da aprendizagem: o ambiente é utilizado como uma forma de criar uma conexão institucional entre os participantes e paradisponibilizar estratégias complementares de aprendizagem, através das ferramentas disponíveis no ambiente. São utilizadas para enviar e receber atividades, orientar a aprendizagem e fomentar a discussão sobre os temas da disciplina entre os alunos e professores. 3. Foco na comunicação: são ambientes criados apenas para a comunicação entre os participantes, não apresentando materiais ou propostas de atividades. É o caso dos cursos a distância com o projeto pedagógico estruturado apenas no material impresso. A forma de utilização do ambiente virtual em consonância com o projeto político-pedagógico do curso é fundamental para o estabelecimento da estrutura sobre a qual o aluno-aprendiz irá interagir no AVA. O conceito de maior ou menor interatividade, assim como a freqüência e intensidade no acesso realizado serão proporcionais ao objetivo das ferramentas disponibilizadas. É relativamente comum encontrarmos ambientes pouco explorados pelos alunos em função da inexistência de demanda pedagógica estabelecida pelo curso. Por outro lado, encontramos cursos que são estruturados totalmente on-line, mas que não conseguem atingir a participação desejada dos alunos no AVAExistem vários ambientes virtuais de aprendizagem disponíveis com propriedades e ferramentas bastante similares, mas também com singularidades que determinam a sua escolha. 

 e- Proinfo é a plataforma utilizada pelo MEC (desenvolvida pela extinta SEED) para a realização dos cursos a distância para a formação de professores. Bastante conhecido dos professores da Educação Básica,  o ambiente e-Proinfo foi reestruturado há cerca de dois anos, mas ainda é considerado um ambiente pouco amigável pelos professores e multiplicadores dos NTE (Núcleos de Tecnologia Educacional das redes estaduais).

Atualmente, o ambiente virtual mais conhecido é o Moodle, sistema de código aberto e gratuito. Os usuários podem baixá-lo, usá-lo, modificá-lo e distribuí-lo seguindo apenas os termos estabelecidos pela licença. O Moodle está em contínuo desenvolvimento com uma comunidade que abrange participantes de todas as partes do mundo. Atualmente o Moodle tem sido a plataforma mais utilizada nos projetos de educação a distância desenvolvidos no âmbito da UAB e apesar de ser apresentado como um ambiente desenvolvido a partir dos princípios da teoria construtivista, a concepção pedagógica de cada ambiente virtual dependerá do uso que é feito dele. Um grande problema que enfrentamos hoje na EaD é o engessamento dos ambientes virtuais que ainda não conseguiram explorar de forma plena toda a potencialidade que um AVA oferece. As limitações no uso dos ambientes tem propiciado o surgimento de ambientes pobres, com pouca ou nenhuma diversificação de materiais, ferramentas e atividades que desmotivam o aluno e não favorecem a aprendizagem. 

Embora seja o mais conhecido, o Moodle não é o único ambiente virtual com código aberto e de uso livre e gratuito: o ambiente Amadeus, desenvolvido pelo Centro de Informática - CIn da Universidade Federal de Pernambuco, é um software público, disponível para ser baixado, modificado e reutilizado. O Amadeus disponibiliza aplicações bastante interessantes, como a integração com celulares, jogos e TV Digital. 

Outro ambiente criado no CIn da UFPE, é o Redu, uma rede educacional que agrega as funcionalidades de uma rede social com o gerenciamento dos ambientes virtuais. O Redu apresenta várias funcionalidades interessantes com a estrutura de uma rede social e leva o conceito de grupos de trabalho para a sua própria organização da mediação entre professores e alunos. A diversidade de sistemas voltados para a aprendizagem é um indicativo importante que já temos muitas pesquisas e produtos que buscam melhorar a funcionalidade dos ambientes virtuais para construir espaços de aprendizagem mais eficazes, interativos e atraentes para os alunos. Embora os ambientes virtuais por si só não serão capazes de promover práticas pedagógicas inovadoras, é importante que seja possível pensar a aprendizagem em espaços diferenciados. Os ambientes virtuais representam um desafio para pensarmos em novas concepções de aprendizagem em novos espaços, mas a inovação pedagógica dependerá muito menos das tecnologias digitais e ferramentas existentes e muito mais da reflexão e atitude dos professores e alunos que as utilizam.

Sobre a autora: Ana Beatriz Gomes Carvalho, é graduada em Geografia pela Universidade Federal Fluminense, mestre em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutora em Educação pela Universidade Federal da Paraíba. Professora da Universidade Federal de Pernambuco, lotada no Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino e no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica (EDUMATEC). Desenvolve pesquisas sobre os seguintes temas: educação a distância, redes sociais, hipertexto, inclusão digital, aprendizagem em rede e o uso de tecnologias na formação de professores. Blog:anabeatrizgomes.blogspot.com.br E-mail: anabeatrizgpc@gmail.com; Twitter: @anabee

Transtorno Global no Desenvolvimento - TGD



Vivi  a prática dessa teoria, tenho um filho que apresenta TGD e foi socializado desde os quatro anos em  escola de educação infantil pública, seu desenvolvimento ao longo da aprendizagem só ganhou com a convivência.


Ainda na educação infantil optei por uma escola com menor quantidade de alunos, pois a professora tinha mais tempo pra lhe atender.
Durante o outro período recuperava as matérias com ele e assim foi até a quarta série do ensino fundamental.

Depois disso ele optou por professores particulares até o oitavo ano do ensino fundamental.
Seguiu sem suporte pelo ensino médio e hoje cursa faculdade independentemente.

O processo foi longo e trabalhoso mas surtiu efeito, sem a socialização ele não teria amadurecido nas relações interpessoais o que dificultaria sua vida escolar e social.

O desenvolvimento segundo Henri Wallon é uma engrenagem, afeto(emocional) x coordenação motora (biológico) x cognição (aprendizagem), todos coordenados e desafiados a medida do crescimento.

Uma criança que é somente estimulada em um ou dois aspectos, sejam quais forem, apresentará uma defasagem.

Quem já não conheceu uma criança brilhante nos quebra-cabeças (hoje nos vídeos games) e ao mesmo tempo não sabe pular num pé só, andar de bicicleta ... ?

Ou uma criança que é um show no patins, skate, pula, salta e nada, mas sua atenção na escola é pequena, suas notas deixam a desejar?

E ainda aquela criança que prefere os programas virtuais aos amigos reais?

Tudo isso nos faz pensar no equilíbrio ao educar, na apresentação de desafios diversos para garantir um desenvolvimento global.

Em nada interfere essa conduta em crianças com quaisquer deficiências, aliás só colabora na superação das dificuldades.


Magda Cunha



O DESENVOLVIMENTO DA COGNIÇÃO SOCIAL DE ALUNOS COM TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO NA ESCOLA
TGD



A conduta social é sustentada e elaborada por processos cognitivos superiores. Compõem a Cognição Social a compreensão dos próprios sentimentos e ações e sua correspondência nos indivíduos da mesma espécie, bem como o reconhecimento de como as outras pessoas se sentem.

A Cognição Social começou a ser pesquisada no início dos anos 70. Lamb e Sherrod (1981) destacaram que a Cognição Social situa-se na interseção de várias áreas: perceptiva, cognitiva, social, emocional e desenvolvimento da personalidade.

Durante o desenvolvimento humano, desde as primeiras relações com o primeiro cuidador (na maioria das vezes, a mãe), até aquelas estabelecidas em ambientes socialmente mais amplos, dentro e fora da família, a criança vai acumulando experiências sociais, afetivas e cognitivas que possibilitarão estruturar sua conduta social de forma cada vez mais complexa. Por meio dessas experiências, a criança vai adquirindo a capacidade de identificar e reconhecer objetos sociais, de fazer inferências sobre os comportamentos e emoções das outras pessoas, e de atribuir significado às experiências sociais.

O córtex pré-frontal encontra-se diretamente implicado no desenvolvimento da Cognição Social e, portanto, na conduta social. O estudo de pacientes lesionados revela que pacientes com lesão pré-frontal têm dificuldades na tomada de decisões e no raciocínio social.

Segundo Damasio (1994), [...] tomar decisões é escolher uma opção de resposta entre as muitas possíveis num determinado momento e em uma determinada situação. Supõe conhecer: (1) a situação que exige tal decisão; (2) as distintas opções de ação; (3) as consequências imediatas ou futuras de cada uma das ações (BUTMAN & ALLEGRI, 2001, p. 276).

A Cognição Social, a Função Executiva e a Teoria da Mente estão mutuamente relacionadas. A conduta social pressupõe antecipação, flexibilidade, destinação de significado e objetivos – próprios da Função Executiva. Da mesma forma, é preciso inferir processos mentais, pensamentos, intenções e emoções nas outras pessoas, para sustentar uma conduta social eficaz, que tem relação direta com o que vimos em relação à Teoria da Mente. Lamb e Sherood (apud RAMIRES, 2003, p. 403).

Uma vez definido o conceito de Cognição Social, é de fundamental importância para o desenvolvimento do trabalho escolar com as crianças e adolescentes com TGD a compreensão de que a escola está diretamente implicada no desenvolvimento dessa função mental de todos os seus alunos.

A educação, por décadas, pautou suas práticas em uma concepção de inteligência, resultante de uma compreensão incompleta do desenvolvimento humano. Por mais que, entre os subsídios teóricos utilizados para se compreender e se empreender os processos de ensino e aprendizagem, houvesse aqueles que apontavam outros caminhos, tais processos revelaram uma segmentação entre os aspectos emocionais, sociais e intelectuais do desenvolvimento.

Por consequência, os aspectos socializadores do ambiente escolar foram relegados ao campo recreativo e espontâneo, nem sempre sendo mediados pela escola ou tratados como objetivos de aprendizagem. Além disso, não foram reconhecidos neles o desenvolvimento de funções cognitivas, que lhes são inerentes e que são fundamentais para alicerçar todos os processos de ensino e aprendizagem empreendidos pela escola. Prova disto é que, atualmente, ouvimos de forma recorrente dos profissionais da escola, em relação aos alunos com deficiência, questões como: "Este aluno está na escola só para se socializar?". Ou constatações como: "na socialização este aluno está bem, mas no cognitivo não desenvolveu nada!".

No desenvolvimento da maioria das crianças e adolescentes, a aquisição das competências relativas à Cognição Social ocorre sem dificuldades aparentes e nem sempre se torna objeto da reflexão, mediação e intenção pedagógicas. Para as crianças e adolescentes com TGD, os prejuízos na aquisição destas competências solicitam da escola o reconhecimento da dimensão cognitiva da aquisição do conhecimento social e dos processos que sustentam a conduta social no âmbito da ação escolar. Não podemos deixar de mencionar que tal reconhecimento provocará intervenções pedagógicas que favorecerão o desenvolvimento da Cognição Social de todos os alunos, considerando que, em muitos casos, a ausência de dificuldades é apenas aparente.

Segundo Forgas (2001 apud RAMIRES, 2003, p.409), o afeto não é uma parte incidental, mas sim é parte inseparável de como nós vemos e representamos o mundo em volta de nós.

Concordamos com este autor [Forgas] e também com Cicchetti e Pogge-Hesse (1981), quando alertaram que para o estudo das emoções é importante que os teóricos do desenvolvimento assumam algumas posições com relação à determinação do papel da criança na construção da realidade, no sentido de considerá-la como um construtor ativo ou receptor passivo do ambiente e considerar como a criança representa a informação que capta no ambiente. Também é necessário especificar o papel que é atribuído ao ambiente no processo do desenvolvimento. E, sobretudo, é importante levar em conta que o relacionamento entre cognição e emoção é crucial para a compreensão do desenvolvimento em geral (RAMIRES, 2003, p. 409).

Os prejuízos nas áreas do compartilhamento social, da comunicação e dos interesses apresentados pelas pessoas com TGD podem ser compreendidos também na perspectiva de um prejuízo na Cognição Social.

O fato de que a Cognição Social é um processo desenvolvido por meio dos vínculos de apego, das experiências sociais e da exposição ao meio social e a seus signos torna a inclusão escolar, para o aluno com TGD, uma oportunidade de acesso sistemático às fontes de aquisição de tal processo. Mesmo permanecendo o transtorno, a criança ou adolescente com TGD poderá ampliar suas possibilidades de lidar com o meio social, com signos sociais e de apropriar-se de referências de conduta e de interação, uma vez inseridos na escola comum.

Para uma parte significativa dos alunos com TGD, durante um período de tempo, por ocasião do ingresso na escola, os esforços estarão concentrados na apropriação do conhecimento social. A escola deverá mediar tal apropriação, entendendo que se trata de um processo necessário para que esta criança possa lidar posteriormente com os demais aspectos pedagógicos.


Por mediação da escola na apropriação do conhecimento social, estamos nos referindo, por um lado, ao entendimento de seus professores quanto ao papel pedagógico e ao caráter escolar desta apropriação, assumindo tal processo como um objetivo da escola. Por outro lado, nos referimos à criação de oportunidades em que o grupo de alunos, do qual a criança com TGD faz parte, interaja com ela e assuma responsabilidades, dentro e fora da sala de aula, na adesão desta criança à rotina escolar, estando a escola atenta para dar as orientações necessárias. Nas escolas observadas, percebemos uma disponibilidade grande dos colegas em cumprir este papel. No caso da criança com TGD, a mediação de pares nesse processo é de fundamental importância por ser mais eficaz do que a intervenção dos adultos.

Nas escolas observadas, o grupo de alunos se mostrou extremamente disponível, sendo preciso, em uma delas, a organização de escalas para revezamento. É importante que a mediação organizada se dê durante as aulas e que, durante o recreio, o grupo se organize sozinho nesta mediação, permitindo o estabelecimento de vínculos espontâneos e característicos da idade.

Acessibilidade na Biblioteca - Softwares pra deficientes visuais


É um mundo fantástico a ser revelado.

Hoje algumas obras já estão traduzidas em  bibliotecas do país, é a democracia do conhecimento, que chega inclusive aos que não dominam o braile.


São muito os audiobooks - áudio livros, encontrados na internet e livrarias do país a fora.

Essa conquista "como diz o diretor da BCCL, Luiz Vicentin, o LAB é mais um filho na vida de Deise". 

Conheça essa história que li no http://aprendacomanet.blogspot.com.br e muito mais sobre acessibilidade. 

Magda Cunha

Deise, uma pioneira da acessibilidade Experiências pessoais movem ações de funcionária da Biblioteca Central Cesar Lattes


Fabiana Bonilha é mestre e doutora em música pela Unicamp e hoje lidera uma equipe no Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistida (CTRA) do CTI Renato Archer, em Campinas. Viviane Missio, pedagoga pela mesma instituição, obteve excelente classificação em um concurso e hoje trabalha na Prefeitura de Valinhos. Marcos Valim foi o primeiro a circular pela Unicamp com um cão guia por perder a visão durante o doutorado.
Com o apoio oferecido pelo Laboratório de Acessibilidade da Biblioteca Central Cesar Lattes (LAB-BCCL) e de um monitor pôde chegar ao título de doutor em química. Essas conquistas, envolvendo três pessoas cegas acima citadas, fazem brilhar os olhos de Deise Tallarico Pupo, coordenadora e uma das idealizadoras do LAB. Todos os dias ela comemora as histórias que o LAB ajudou a escrever. Enredos propiciados pela realização de um sonho seu e de outras amigas da Universidade: a biblioteca acessível.
Como diz o diretor da BCCL, Luiz Vicentin, o LAB é mais um filho na vida de Deise. Mas ela faz questão de dizer que não é fruto de uma só cabeça, mas de várias. Confessa ser o lugar onde ela se realiza a partir das conquistas dos estudantes que saem de lá rumo ao mercado ou à carreira acadêmica. E onde assiste à recuperação do próprio filho, Fábio, vítima, aos 5 anos, de um acidente que lhe acarretou deficiência motora e de fala. Fábio faz parte de um grupo de quase 700 pessoas da comunidade externa à Unicamp já beneficiadas pela infraestrutura do espaço desde 2003, ano em que o LAB foi aberto para a comunidade. Sua história foi inspiração para a mãe querer modificar histórias de pessoas com as quais não tinha nenhuma relação. “Mesmo antes do acidente do Fábio, eu já pensava em acessibilidade. Eu tinha uma ligação muito forte com a questão da deficiência desde que eu tinha me casado. Parece que as coisas caem em nosso colo quando já temos uma ligação”, pontua Deise.
A partir da leitura de sua própria história, ela tentou reescrever a de centenas de desconhecidos, hoje amigos. Seu outro filho, Cláudio, também foi vítima de acidente de trânsito em 1999 e faleceu em 2002. Neste momento, o projeto já estava em andamento, mas, mais uma vez, ela transformou sua dor em luta e passou a se dedicar ainda mais ao projeto e publicar artigos sobre seus resultados. Em 1992, questões pessoais que incluíam o tratamento e a reabilitação de Fábio levaram Deise a mudar-se para São Carlos, onde trabalhou, comissionada, na Universidade Federal (UFSCar). Lá também integrou uma ONG, foi diretora da escola onde Fábio estudava, além de trabalhar em uma biblioteca comunitária. Em sua volta à Unicamp, sua experiência chamou a atenção da então bibliotecária responsável pela Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, Maria Alice Rebello Nascimento, que a acolheu, além de encomendar um projeto de biblioteca adaptada, como faz questão de lembrar Deise. “O acidente de meu filho me levou a um aprofundamento sobre o assunto e deparei com uma fatia grande da população ainda fora dos processos. A Maria Alice soube reconhecer minha experiência. Fiquei sem lugar ao voltar, mas ela abriu as portas do IFCH para mim”, acrescenta.
Começou então a redigir o projeto de uma biblioteca acessível, que pudesse atender alunos, professores e funcionários com deficiência física; mas, ao longo de sua elaboração, as pessoas com deficiência visual manifestaram-se e argumentaram para se tornarem também seu público-alvo, devido às inovações tecnológicas que já os beneficiavam. Devido a mudanças administrativas, o projeto do LAB migrou para a Biblioteca Central e, aos poucos, foi atraindo um número grande de pessoas cegas, entre as quais o violonista e professor convidado do Instituto de Artes Vilson Zattera. A área de tecnologia da informação e da comunicação é responsável por atrair este público, que a cada dia pode desenvolver de forma autônoma suas pesquisas e outros trabalhos. Esta é exatamente a missão de Vilson na Unicamp, aprimorar softwares para que estudantes e docentes cegos tenham mais autonomia para escrever sua própria partitura e fazer arranjos, entre outras atividades. “Essa interface que os softwares fazem com usuários cegos ou de baixa visão é extremamente importante”, complementa Deise. Hoje, alguns usuários escaneiam o próprio material num software e levam para casa para ouvir em mp3, conforme Deise.
Sem funcionários, Deise faz questão de enfatizar o envolvimento dos alunos bolsistas. Muito deles continuam se dedicando às atividades no LAB, auxiliando usuários com deficiência mesmo tendo vencido o período de bolsa. A presença dos jovens é de grande valor para o LAB, segundo Deise, por dominarem a tecnologia de ponta utilizada por alunos e professores cegos, como leitor de telas. De acordo com Deise, os jovens acabam se envolvendo com as áreas e com as pessoas da Biblioteca Central. Mesmo assim, o laboratório espera na certificação a oportunidade de aumentar seu quadro de funcionários. O LAB contou com a colaboração das pedagogas Sílvia Carvalho e Regina Govoni, do Centro de Reabilitação Gabriel Porto, agora aposentadas. Atualmente, as atividades são compartilhadas com a pedagoga Magali Arnais, vinculada ao Dedic.
Hoje, muitas famílias já sabem que podem ter o LAB como ponto de apoio. Um caso emblemático da importância do envolvimento da família, para Deise, é o da estudante Franciele Cristina Penteado. De acordo com a bibliotecária, a estudante perdeu a visão da noite para o dia por problema no nervo óptico, e o apoio para concluir o ensino médio partiu dos pais. Francielle passou no vestibular para o curso de Gestão de Empreas da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), em Limeira, em 2010. Os professores do curso encomendaram uma palestra do LAB para que pudessem ajudá-la e, a partir de então, a transcrição do material ficou a cargo da equipe de Limeira.
Ao compartilhar a realização de muitas famílias, Deise hesita em pronunciar a palavra aposentadoria. Cada palavra sugere que a dedicação entre ela e o LAB é mútua. “Sinto-me realizada porque em um momento muito difícil de minha vida pessoal, que foi a perda do Cláudio, eu vim para cá trabalhar em benefício de outras pessoas”. Ao tentar traduzir as percepções sobre si mesma, sobre ajudar se ajudando, declara que a Deise mãe, além de dar atenção ao Fábio, a suas duas filhas e a sua mãe, com Mal de Alzheimer, pôde exercer sua profissão ajudando pessoas que não teriam condições de ler ou estudar sendo um degrau importante de acessibilidade e inclusão dessas pessoas na graduação e na pós da Unicamp. Além disso, teve a Unicamp como parceira no desenvolvimento de Fábio, que, por acompanhá-la teve a oportunidade também de pesquisar, utilizar computadores e interagir com as pessoas que passam e atuam no LAB. Ao ver o personal Raphael de Jesus Pinto, ex-bolsista, também assistente do professor Vilson, adentrar o laboratório, Fábio faz a festa e, quando o assunto é família, participa da entrevista elogiando os músicos da família.
Em 1999, a portaria 1.679 determinava acessibilidade nas universidades para que todos os alunos com deficiência tivessem as devidas condições de concluir seus cursos. Caso contrário, não seriam credenciadas pelo MEC. Assim, as universidades foram construindo rampas e projetando espaços mais acessíveis, porém, o caminho é longo. Pode-se dizer que a Unicamp é uma das pioneiras em biblioteca acessível no ensino superior, segundo Deise. Em 1999, o projeto viabilizou a compra de uma cadeira que possibilita a circulação de usuários com deficiência em andares superiores e ainda pode ser utilizada em caso de emergência, como incêndio. Mas somente em 2000 a conscientização começou a crescer. 
Como uma das iniciativas responsáveis por abrir os olhos da comunidade acadêmica para inclusão, Deise cita o Projeto Todos Nós e o Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied). “Vejo a inclusão acontecendo a partir da participação de alunos como a Fabiana, o Vilson, a inclusão que a professora Maria Teresa Egler Mantoan nos transmitiu. Entendemos como as pessoas com deficiência precisam estar em todos os lugares. Porque são eles que fazem a diferença em nosso trabalho”, acentua Deise.
A Deise que um dia passou por projeto de reciclagem pessoal, começou catalogando a Biblioteca Sérgio Buarque de Holanda (SBH), foi bibliotecária de referência, trabalhou no IFCH, chefiou a biblioteca do Instituto de Estudos de Linguagem (IEL), hoje é convidada a apresentar trabalhos em congressos. Com o envolvimento do diretor Luiz Vicentin e da coordenadora Valéria dos Santos Gouveia Martins, ela se sente privilegiada por ter passado tantos anos no LAB. “É muito gratificante ver isso acontecendo na prática. Temos de continuar. A batalha está sendo vencida aos poucos, mas são essas conquistas e o sucesso de nossos usuários que nos levam a prosseguir até às maiores vitórias: essa é a nossa maior recompensa”.