quinta-feira, 28 de julho de 2011

intervindo para inclusão


Continuação... Recorte do texto Inclusão  Preventiva:
“Conquistando a  sensibilidade do ser humano”. Marina S. Rodrigues Almeida.

Para  que  haja  uma  inclusão  efetiva,  alguns  passos  são  imprescindívies:
-Informar os educadores preparando-os para cumprir responsabilidades de incluir educandos com necessidades educacionais especiais.
-Sensibilizar o comprometimento dos membros escolares e familiares para garantir que os educandos portadores de necessidades educacionais especiais recebam maior apoio possível para se beneficiarem do ensino escolar.
-Desmistificar o paradigma da Inclusão do portador de necessidades especiais.
-Promover a parceria dos educadores tanto de classes especiais e classes regulares.
-Acolher os Pais que têm seus filhos matriculados em classes especiais ou inclusos.

Como  também  atingir os seguintes aspectos:
-Conceituar Inclusão e Integração.
-Noções básicas da legislação vigente.
-Utilização do Manual Informativo para Educadores e para Pais sobre Inclusão e Educação Especial - criado para esta proposta.
-Informar sobre as deficiências : Mental, Sensorial (auditiva e visual), Física e Transtornos Invasivos do Desenvolvimento.
-Esclarecer dúvidas no convívio com o portador de necessidades educacionais especiais.
-Esclarecer síndromes e deficiências de interesse geral.
-Discussão sobre valores e preconceitos.

Precisamos aprender a pensar primeiro só depois tentar timidamente dar um passo à frente. Algumas vezes precisamos dar dois passos para trás para conseguirmos manter nossa caminhada rumo aos nossos ideais. Este é o diferencial: saber qual é o rumo, meta, objetivo, do contrário saímos dando "tiros na água". Este jeito mencionado é frustrante, gera insegurança, incapacidade e por conseqüência promove a falta de esperança de que nada possa mudar.

Organização dos espaços escolares:
Como números de alunos por sala de aula,números de alunos inclusos por sal de aula;
Capacitação dos professores de forma contínua, sistemática;
Acessibilidade;
Terminalidade seguindo um enfoque de promover independência, autonomia, subsistência suficiente para um futuro senil.
Parcerias com os sistemas de saúde, sociais e jurídicos, ONGs, Terceiro Setor.

Entendemos a inclusão como uma questão histórica, evolução da humanidade, onde gente deverá ser atendida suas necessidades como sendo da espécie humana, não é poesia romântica, é fato possível, talvez para nossos netinhos, bisnetos.

Cabe a cada um de nós ir encontrando sua "ponte" com um outro, o relevante é a luta pela inclusão, porque é para toda a vida. Outros excluídos aparecerão, não vamos buscar os resultados, mas as soluções para os problemas, que talvez nunca tenham respostas.

Este é o mistério implacável da vida, conviver com o não saber, chamo isto de capacidade para ser humilde frente as nossas limitações humanas.

Magda  Cunha



Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino.
mag-helen.maravilha@gmail.com
www.promaravilha.blogspot.com

prevenindo a inclusão


"Nascer  deficiente  é  um  fato,  tornar-se  ao  longo  da  vida  é uma  possibilidade."

Recorte  do  texto  Inclusão preventiva:
“Conquistando a  sensibilidade do ser humano” da  Psicopedagoga  Marina S. Rodrigues Almeida.

Segundo o  pediatra e psicanalista inglês, WINNICOTT (1993), antes  de exisir o bebê concreto, ele já está vivo na mente da mãe, vai ocupando e conquistando um lugar de identidade.

Ao mesmo tempo em que a mãe alimenta as fantasias do igual, perfeito, feio, bonito aparece a ambivalência dos afetos: é a vez da luta entre amor e ódio, bem e mal, perfeito e imperfeito, aceitar e rejeitar, conhecer o desconhecido, medo do estranho, ou será familiar!

Se o predomínio for por sentimentos perigosos e destrutivos, a defesa será o afastamento, a rigidez, o impedimento, a distância do outro, negação, não quero conhecer.

Se forem predominados os sentimentos amorosos, reparadores e construtivos haverá continência, flexibilidade, compaixão, segurança, desejo de conhecimento.

Estes sentimentos podem ser vivenciados para a espera de um bebê ou no modelo de inclusão ao qual propomos sendo do portador de necessidades especiais.

Se as instituições quaisquer que sejam familiares, escolares, sociais ou empresariais quiserem se constituir como espaços que acolham as diferenças a meta não deve ser necessariamente enquadrar, mas sim ajudar o "diferente" a encontrar um lugar social, uma identidade.

Poderá auxiliá-lo a encontrar respostas por diversas vias, através de outras formas de conhecimento e possibilidades. Entra aqui as Teorias das Inteligências Múltiplas, a flexibilidade, as competências e habilidades intelectuais humanas.

O  preparo  para  a  acolhida abrange  a  todos  da  escola,  equipe administrativa (diretores, assistente de direção, coordenador, orientador, pessoal da secretaria), professores, merendeiras, auxiliares, serventes, porteiros e pais dos educando em classes especiais e inclusos.
          
Lembremos que o desafio Psicopedagógico foi, desde o início, propiciar a escuta das diferenças e contribuir para que o sujeito possa encontrar seu bem estar dentro delas.
Trabalhar com o portador de necessidades educacionais especiais exige a disponibilidade (interna e externa ) da equipe administrativa escolar, disponibilidade do educador, dos pais e do aluno.

O objetivo principal desta intervenção é seu caráter preventivo, gradativo, promovendo o pensar sobre a Inclusão, sua representação simbólica em nós seres humanos; através da sensibilização, conscientização e informação sobre inclusão no meio escolar.

Magda  Cunha


*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
  consultora na rede pública e particular de ensino.
         mag-helen.maravilha@gmail.com
         www.promaravilha.blogspot.com


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Valores X Enfermidades


O Homem buscou formas de vencer as enfermidades por não concordar com o rumo que as situações tomavam frente a  elas.

Essa luta foi travada por não querer perder seus entes queridos, por desejar permanecer mais tempo nesse estágio terrestre, por piedade do sofrimento alheio, por sentir-se desafiado a controlar a situação, por indignar-se frente sua  impotência para solução do problema, entre tantas outras que provavelmente o encorajaram nesta determinação.
Fato é que o sentimento seja de conquista, dor, pena, medo, alegria, orgulho, responsabilidade, esperança, amor, perda, perspectiva, vitória, derrota, humildade, etc., estiveram presentes, montando esse quebra-cabeça, no árduo trabalho de desvendar os mistérios da cura.
Esse trabalho de pesquisa, permeado pelo sentimento, deu novo rumo a humanidade, ampliando sua capacidade de interagir com o meio ambiente. 
A cultura de uma sociedade, por conseguinte, é constituída pelos valores elencados, suas práticas, a forma de entender/sentir o mundo que a cerca  e  de intervir para sua manutenção ou alteração.
A sociedade que buscou alternativas para cura,  elegeu  como um de seus valores, a saúde. Assim as pessoas saudáveis  circulavam livremente e tinham acesso as práticas sociais, cada um segundo suas posses.
Em  contrapartida o  deficiente  fugia  dessa  matriz,  negando  o  padrão  da  saúde,  beleza,  perfeição, inteligência  e  função  social.
Por  milênios  foi  rejeitado, escondido, destratado, afastado  da  vida  em  sociedade, incompreendido  na  sua  ânsia  de  viver  e  ser  feliz.
Isso  ocorreu  pela  assossiação  do  paradigma  do  doente  com  o  deficiente. Coisas muito  distintas.
A  pouquíssimo  tempo  a  sociedade  alterou  esse  pressuposto  e  o  deficiente  gradativamente  está  sendo  afastado  desse  terrível  estigma,  de  ser  doente.
Magda  Cunha


*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
   consultora na rede pública e particular de ensino.
          mag-helen.maravilha@gmail.com
          www.promaravilha.blogspot.com















terça-feira, 26 de julho de 2011

A sociedade e a cultura da deficiência.


A sociedade, ao longo de sua trajetória, deparou-se com inúmeras situações de conflito,  como  guerras,  doenças, novas  descobertas, mudança  do  sisitema de  governo ... e buscou alternativas, dentro de seus limites, caminhando sempre na direção da própria superação.

O ir e vir dessa caminhada constituiu  um  grande  quebra-cabeça, a nossa  cultura, e o perfil da sociedade em que vivemos. Cada  peça  desse  quebra-cabeça  tem  sua  raiz  na  forma  do  Homem  interagir  com  o  ambiente  e  seus habitantes.

A singularidade de cada cultura, deve-se ao  inconsciente coletivo, obtido através de contínuas interações sociais que transformam a sociedade em questão. Que por  conseguinte  transformaram o  homem, deixando  como  saldo  a  cultura.

Vivemos um fragmento da história da humanidade, que  se  transforma  continuamente e  recria  sua  cultura.

O  deficiente  esteve  presente  em  cada  momento  da  história  da humanidade,  que  por  sua  vez   agiu  conforme  a  cultura  vigente.

Portanto, uma visão que contemple e articule diferentes períodos sócio-culturais, possibilita um  entendimento  sobre a questão do deficiente no Brasil.

A  Psicopedagogia com um olhar e escuta mais apurados, refaz  esse  percurso  e  propõe  ações  efetivas  para  inclusão  do  alunado  em  questão,  rechaçando  a  cultura  do  deficiente, que  o  vê  com  pena  e  restringe  seu  pleno  gozo  da  cidadania.

Magda Cunha

*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino.
mag-helen.maravilha@gmail.com www.promaravilha.blogspot.com

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O que é Psicopedagogia


Psicopedagogia é a área do conhecimento que estuda como a aprendizagem se dá em cada indivíduo.

Todas as pessoas tem condições de aprendizagem, cada qual percebe o mundo que o cerca de maneira diferente.

As experiências que constituímos ao longo da nossa trajetória de vida, são individuais e singulares.

Portanto cada um tem seu jeito de ver, sentir, entender, relacionar e decidir, diante dos desafios diários que transpomos.

Entender e desvendar os motivos que fazem as pessoas sentirem dificuldade, impedimento, pânico, medo ou qualquer outro sentimento de impotência, para realizarem suas tarefas diárias, necessita de um olhar para o interior do indivíduo e por conseguinte um estudo profundo e minucioso.

Geralmente na escola o aluno com dificuldade de aprendizagem apresenta dispersão, indisciplina, desmotivação, e algumas vezes agressividade.

Em casa os sintoma são de ansiedade, irritabilidade e fuga das situações em que a criança precisa lidar com as atividades escolares.

A Psicopedagogia oferece através da ludicidade (jogos e brincadeiras) em seus atendimentos, a reflexão das atitudes cotidianas, a mudança de conduta e a reorganização interior para ampliar as condições de aprendizagem.

O ganho com essa mudança altera, para melhor, a qualidade de vida, pois os indivíduos encontram alternativas para realização de seus feitos diários, resgatando a segurança, auto-estima e felicidade.

A Psicopedagogia auxilia na escolha do caminho a seguir!

Magda  Cunha


*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
  consultora na rede pública e particular de ensino.
mag-helen.maravilha@gmail.com  www.promaravilha.blogspot.com

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Juramento


Quem  já  não  viveu situações frágeis? Que demonstram um  pensar  contrito  e  um  olhar apequenado.
Na  interação  professor/aluno tem-se  uma  co-participação, com  o  que  vemos e sabemos estar fugindo  dos  padrões dignos.

De forma variada observamos a violência (psicológica, verbal, sexual, física e a negligência) que paira sobre a sociedade, um reflexo da supressão dos direitos mínimos de cidania.
A escola é um mix de tudo isso, naquelas carteiras está o retrato do Brasil, ora miserável, ora abastado, ora remediado, ora revoltado, ora esperançoso, ora descrente...
A frente desse corpo discente estamos nós, docentes, cidadãos, com sentimentos proporcionais a esses, ora tanquilos, ora indignados, ora otimistas, ora decepcionados ...
Portanto corroboramos que o  aluno é  o  produto  social, que retrata a família  e seus  valores.

Então  até  onde  nos  comprometermos?
Quanto  irá  modificar  a  rotina  dos  alunos  nossa  interferência?
O que fazer para dar  uma  guinada  nessa  situação?

O  juramento que fiz ao graduar em Pedagogia  responde  as  duas  primeiras questões:
"Prometo, no exercício de minha profissão, enfrentar os desafios que a educação me propõe, dentro e fora da escola, com criatividade, perseverança e competência, buscando novos caminhos para o processo educacional. Prometo trabalhar por uma educação para a responsabilidade social, ética e política, participando profissionalmente da construção do homem íntegro, da humanidade e da pátria."

A  terceira  não  tem  uma  única  solução,  mesmo  porque  a  sociedade  é  dinâmica  e  demanda um  conjunto de  procedimentos. Contudo  algumas ações  já  foram implantadas  na  rede  pública  de ensino:

Levar  para  escola campanhas  educativas de sáude e emprego. 
Proporcionar lazer cultural  diversificado  e  de baixo  custo.
Fazer  parcerias  com  ongs  voltadas  para  formação  do cidadão,  empresas  do  bairro  para  acolher  os  estudantes  para o  primeiro  emprego.
Conhecer  e  fortalecer  laços  com  as  famílias  dos  educandos  e  comunidade  de bairro,  para  enriquecer  o  conhecimento  e  desenvolver  projetos  para  melhoria  do  entorno  escolar.
Desvendar  e investir  nas  competências e habilidades  dos alunos,  na  rotina  do  processo  educativo.
Valorizar  os  educadores, com  salários  dignos  e  oferta  de  cursos  para  especialização.

Nada  adianta  implantar  ações  se  nessa  estrutura  escolar  coexistem  modelos  desajustados  como:

O  professor  descomprometido,  que despreparado  exerce  a violência psicológica ou agressão emocional, tão ou mais prejudicial que a física, que é caracterizada pela rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. 
Essa violência não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente provoca cicatrizes para toda a vida, promove  a  evasão  do  aluno,  lhe  devolvendo  para   desestrutura  e  aumentando  os  índices  de  violências.
Esse  que  faz  o  "tipo  professor", mata  a  sede  do  aprender,  a  curiosidade  e  a  possibilidade  de  um  futuro  melhor  para  o  país.

E  o modelo  piorado, que  assusta  mais  que  filme  de  terror, o  professor  negligente, que cruza  os  braços, senta  "na mesa"  literalmente  e  deixa  o barco  correr, dá  de  ombros,  acha  que  não  é  problema  seu  aquelas  vidas  em  formação.
Os danos causados pela negligência podem ser permanentes, graves, pois  rouba  o  âmago  dos  alunos.

Veja  que  estarrecedor,  a  desestrutura social  entra nas escolas, até  pelos  profissionais que  deveriam reverter  essa  situação. Quando o  intuito  era fazer  o  caminho inverso, na busca da formação ética, social e digna do cidadão.
Quem sabe não seria o caso de sentar nos bancos das escolas públicas todos políticos desse país?
A  carência  é  tão  grande, que logo  após o  primeiro  dia  de  aula,   implantariam  melhorias  inigualáveis,  afinal  tudo  para  eles  é  do  bom  e  do  melhor,  né? 

Magda  Cunha

*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Peremptoriamente

  hiputrélico  x  peremptório

Dias  atrás ouvi  num programa  de  humor  a  palavra "peremptoriamente", e  essa  ficou  girando em  minha  mente  por  alguns  dias.
Já conhecia  a  palavra  e seu significado, mas  na verdade  nunca  há  tinha  pronunciado. Um  distinto  e robusto palavrão,  né!
Gostei de pronunciá-lo, faz  cócegas  no céu  da boca e  parece  ser  um  excelente  exercício  fonoaudiólogico.
Terminantemente  é  o  seu  significado  e  há  de  convir  que lhe  cai  bem.
Imagine uma  discussão  acabando  com  esse palavrão (no  sentido do  tamanho  e  pronúncia), seria como um "gran  finale".  rs  rs
E  se  usado numa  entrevista,  dependendo  do  selecionador,  franziria  a  testa,  balançaria a cabeça  e  mudaria  provavelmente  de  assunto. Deveras talvez  não  lembrasse o  significado,  ele  é   incomum,  o  palavrão,  digo.
Os selecionadores nem  tanto, ficam  às  voltas  com  uma  ruma  de  testes  e  esquecem  do  principal, conversar  e  perscrutar  o  candidato,  o  que  exigiria  talento  e  sensibilidade. Mas  essa  é  outra conversa.
Voltando  para o  palavrão,  já deve  ter  sido  utilizado, com  certeza, no  Soletrando, tudo  que  é  esdrúxulo, digo, diferente,  não  escapou  desse  programa.
E  na  atração  "Raul  Gil  e  as crianças"  também  seria  engraçadinho,  ver  aquela criançada  de  dois  aninhos  repetir, pois me  parece  até mais  complicado que Pindamonhangaba  e  paralelepípedo.

Depois  de todo  esse  "brincar  com  a  palavra"  me  veio  a  cabeça um  trecho  de  Guimarães  Rosa  em  que  alude  sobre  a formação de novas  palavras, neologismo,  lá  do  tempo  do  colegial,  hoje  ensino  médio.
"(...)  O bom português, homem de bem e muitíssimo inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo suas necessidades íntimas. Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro, ausente: -E ele é muito hiputrélico... Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto: -Olhe, meu amigo, essa palavra não existe. Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo: -Como? ... Ora ... Pois se eu a estou a dizer? -É. Mas não existe. Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório: -O senhor também é hiputrélico... E ficou havendo". (Tutameia - Terceiras estórias)
Segundo o autor, "hipotrélico" significa "indivíduo pedante", "falta de respeito para com a opinião alheia." 

Ichi!  Peremptoriamente  está  cheio  de  hipotrélicos  por  aí! Você não  acha?

Encerrando  meu  pensar  concluí  que  a  vivacidade da  nossa língua  capacita-nos  a criar novas palavras, de ampliar o vocabulário, ou de emprestar aos vocábulos novos sentidos. Realmente  fantástica.
Também  que  brincar  de  aprender  é  possível,  viável   e  acima  de  tudo  prazeroso.
Mas  eis  que  me  veio  outra  curisidade, de onde vem  essa  palavrão,  qual  sua  raiz? Vou pesquisar  e  se  encontrar  noutro  momento  socializo  com  vocês.

Magda  Cunha

*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino.
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terça-feira, 19 de julho de 2011

Insight



Essa frase de Oswald de Andrade : "A gente escreve o que ouve - nunca o que houve" inspirou-me  a  narração  a seguir.
Desde o  nascimento de minhas sobrinhas, 05/2007  Paula  e  04/2009 Thaís, tenho me deliciado com cada etapa do desenvolvimento delas.
Quando  tive  meus filhos, ainda jovem, a  dinâmica, o pensar  e o  fazer  eram  obviamente  outros,  e meu foco nem  transitou por  essas  delícias.

Ao  distanciar-me  das  responsabilidades  inerentes da criação(mãe) / educação(professora), só  praticar o afeto, vivenciar bincadeiras  e  tentar  realmente  enxergar  pelos  olhos  delas, mergulhei num  mundo novo.
Então  observo,  que  não  raras  vezes,  a   mais velha  quer auxiliar  a  mais  nova  em alguma  situação  problema, e  então  utiliza  toda  sua  experiência  anterior  e  suas  novas  hipóteses. Porém nem  sempre  a  menor  quer  ajuda, pois  também  quer  tentar,  a  sua  maneira  e  inicia o problema  da  situação, também  um  trocadilho  nesse  caso.

O  que  é  de  se  esperar, a  autonomia, iniciativa  e  elaboração  de  hipóteses fervilham  nessa  idade. Fase  das  artes,  travessuras, e  de  enlouquecer  os  pais  e professores. 
O  cérebro  está  a  todo  vapor, e  as  relações  entre  o  que  se  quer  e  o  que  se  obtém  é  fundamental  para  novos  desafios.
Assim  a  menor  quer  fazer  suas  próprias  inferências, isto é,  a passagem do antecedente ao conseqüente de um pensar  e portanto  não  deseja  ajuda, ansia pela  solução.

Isso  é  nada  mais, nada  menos  do  que o conceito elaborado por Vigotsky, a zona de desenvolvimento proximal, e define a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro.

Nesse  final  de  semana  li  o  conto  de  fada  "Branca de Neve  e  os  sete  anões" para elas, depois  folheram  o  livrinho,  que  tinha  duas histórias.
Paula  quando  acabou  de  folhear  a parte da Branca de Neve  entregou  para  Thaís,  e  essa depois  de  acabar  a  primeira  continuou  pela segunda  história.
Então  eu  lhe disse  que  havia  acabado  a  história,  aquela  era  outra,  e  ela  respondeu-me  imediatamente  que  não, é  que a  Branca  de Neve  tinha  ido  pra outra  casa.
Ri  muito  com  aquele  insight,   pois ela  tinha  transposto  sua  vivência  de  deslocar-se  para Branca  de Neve  e  solucionado, em  seu  mundo, a seu  modo, mais  uma  questão. Brilhante né!

A  leitura  é  um  mundo  mágico  e  propiciou  esse  pensar,  amei  estar  ali  e  ter  vivido aquele  momento,  então  contei  o  que  houve  pra vcs.
Magda Cunha


*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Carpe diem


Nada  como  iniciar  uma  conversa  desejando  para  aproveitar  o  momento "carpe diem".
Segundo  Perrenoud, "A competência é a capacidade de articular um conjunto de esquemas, situando-se, portanto, além dos conhecimentos, permitindo "mobilizá-los na situação, no momento certo e com discernimento."

O  Pedagogo ao longo dos tempos  articulou  seu papel na sociedade  e  ampliou  sua  área  de trabalho.
A "pedagogia empresarial", que tem  seu  foco nos conhecimentos e competências necessárias à melhoria da produtividade é  uma delas.
Isso  é  possível  porque  o  educador  tem em mente o desenvolvimento global do ser humano,  refletindo  em  sua  qualificação, requalificação  e  treinamento  dentro  da  empresa.
Busca  com  um  novo  olhar  estabelcer  a sintonia da empresa,  que passa por várias etapas, sua estrutura, cultura organizacional, qualificação do pessoal, assim como suas interrelações.
Por conseguinte estabelece  uma  visão holística, isto  é,  uma "imagem única", sintética de todos seus elementos, afastando uma visão distorcida do todo.
Muitas  vezes  a  rotina  de  trabalho  não  propicia  que  o  funcinário  manifeste  outras  competências  e  habilidades, desperdiçando  seu  potencial.
O  pedagogo passa  então  a  coordenar  uma equipe multidisciplinar, observa a dinâmica estabelecida,  propõe  mudanças culturais  e   acompanha o desempenho dos funcionários.
Alguns  exemplos são:  o funcionário  criativo  mas  com  entrave  na  comunicação, ou  bom  comunicador  mas pouco  objetivo, ou sério demais  e  estressado, o  que  tem  dificuldade nas  interações  sociais mas  muito  competente...
Esse  trabalho  é relizado  com  dinâmicas  pouco convencionais,  como  aula  de  teatro,  circo, contação  de histórias, hipismo, patinação, jogos em  quadra, artesanatos ...
Isso significa desenvolver nesse ser também as suas potencialidades, os canais de utilização e de expressão artística, de desenvolvimento físico-corporal e a sociabilidade prazerosa.
O  objetivo  é  trazer  à  tona  habilidades  e  competências  que  no  ambiente  de  trabalho  não  estão  evidentes,  porém  farão  toda  diferença  se  reconhecidas  pela  equipe  e  atuarão  como  facilitadoras  das  dificuldades  apresentadas  na  rotina.
Todo educador deve ter em mente que o desenvolvimento global do ser humano está diretamente relacionado com a qualidade de vida que ele usufrui em seu cotidiano: direitos essenciais mais cultura, arte, diversão e convivência humana.
Esse é  o  critério   que  levou  o  pedagogo  para  dentro  das empresas  e tem  feito  muita  diferença  no  desempenho  pessoal  e   no  rendimento  das  equipes  como  um  todo.



Magda  Cunha



 *Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
  consultora na rede pública e particular de ensino.
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terça-feira, 12 de julho de 2011

Lição ou lixão


 Saudade dos primeiros anos escolares,  amava  fazer  lição  de  casa.
A  professora,  dona  Iná, preenchia  a  primeira  linha  da  página  com  sua  linda  caligrafia  e a gente  tinha  que  completar. Lembro-me que forçava tanto o lápis grafite, que  marcava  as   próximas quatro  folhas do  caderno  de  brochura.  Não raras  vezes,  eram os  alunos  que  pediam  pela  lição  de casa. Havia  um  quê  de  desafio  em  tudo  aquilo.

E  quando  eram  continhas  então?  Eu  adorava, queria  sempre  mais. E quando  acaba  a  lição  era  meu  pai  que  passava  folhas  e  folhas,  e  também  depois corrigia.
Os  trabalhos  eram  pesquisados  na enciclopédia Barsa,  manuscritos  e  ilustrados  com  o  maior  capricho.
Melhor  quando precisava  fazer cartazes,  aí  era  uma  farra, deixava  minha  tia  Neima  doida,  ela  que me ajudava,  e com  o  maior  entusiasmo  usávamos  toda  sorte  de  recursos, cartolina, canetinha, lápis de cor, lantejoulas, guache, algodão, estrelinhas...

Alguns anos se  passaram  e  era vez  dos meus  filhos fazerem  a lição  de  casa,  porém  o  sentimento  era  outro. Tudo  parecia  aborrecido,  e se pudessem  nem faziam.
Gradativamente  estabelecemos  uma  rotina  de estudos, foram  desenvolvendo responsabilidade e  autonomia, e no meio  do  ensino  fundamental  já se viravam  sozinhos.

Na minha época  tinha  só  uma  professora  até  a  quarta  série,  ela dava quase  todas  as  matérias,  e  as  aulas  tinham  um  tempo  flexível,  ela  que determinava. Os  assuntos  eram  tratados  com  maior  profundidade e  havia troca  de experiências  entre  a  turma. A  lição  de casa  ficava  em segundo  plano, a  professora  trabalhava em  sala  e  se  o  assunto  fosse  realmente  necessário, pedia  uma  pesquisa.
Não lembro  de  exercícios  repetidos  e  chatos  para  completar,  ou  acúmulo  de  lições  de  casa.

Já no tempo  dos  meus  filhos, desde  a  primeira  série  tinham cinco  professoras,  que davam duas disciplinas cada (matemática e ciência, inglês e português, geografia e informática, educação física, religião),  o  tempo das  aulas  era  corrido  e  as  lições  de casa  volumosas.
Quase  tudo  que  era  visto  em  sala  era  repetido  nas  lições  de casa, o  que  chamavam  de  fixação.
O  sistema  era  apostilado, o  que  confundia na  marcação  das  lições para  casa, fora as  de classe  que se  ficassem  incompletas  tinha  que  terminar  em casa.

Excesso de  informação,  pouca  aprendizagem  e  muito  desânimo,  esse era  o  cenário  que  vislumbrava.
Então  comecei  a questionar  os  professores  a  respeito  da  sobrecarga  de  lições,  que  as  vezes  tomavam  quase  todo  tempo  em  casa  e  eles  ficavam  irritados por  não  poderem  brincar  um  pouco  antes  de  ir  pra  escola.

O que  era  de  se esperar,  os  professores  disseram  que  era asim  mesmo, tinha  muito  conteúdo  e a  apostila  já  vinha  marcada  com  a  lição de casa, portanto não  eram  os  responsáveis.
Falei  com  a  coordenação   e  disse-me  que  foram  os  professores  que  escolheram  o  material  didático, e  aí  percebi  que  um  jogava  a responsabilidade  para  o  outro  e  não  adiantaria  nada continuar  naquele  assunto.
Conversando  com  outras  mães, as  que  trabalhavam  fora,  achavam  ótimo  bastante  lição,  assim  os filhos  se  manteriam  ocupados e disciplinados;  as que  ficavam  em  casa  achavam  ótimo  muita  lição,  sinal  que a escola  era muito  boa.
O   jeito  foi  aguentar  até  o  final  do  ano  e  mudá-los  de  escola,  agora  sim verificando  o  material  pedagógico  e  como  eram  as  lições  de  casa.

Uma  boa  escola  não  se  mede  pela  quantidade  de  lição  que  dá  aos  alunos e sim  pelo  envolvimento  deles  com  os  assuntos,  seu  entusiasmo  pelas  descobertas, o  ganho  gradativo  da  autonomia, responsabilidade pelas  atividades  feitas  em  casa  e  fundamentamente  sua vontade  de  ir para  escola. E  ainda  o  aluno precisa sentir que está sendo desafiado em sua aprendizagem.
As  primeiras  apostilas  dos  meus  filhos  serviram  para  reciclagem,  pouco lhes  acrescentaram  e com  certeza  se  persistisse  naquela  escola, hoje  não  teria  jovens  que  curtem  aprender,  são  leitores por  prazer,  curiosos  nas  descobertas  e  responsáveis  em  seus  trabalhos.
Veja  bem  se  seu  filho  trás  lição para  casa  ou  lixão  "para reciclagem", se  não  houver prazer não  há  aprender.

Essa  minha  expeiência  de  vida  me  reportou  a  Içami  Tiba, "Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo."

Magda  Cunha

*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
  consultora na rede pública e particular de ensino.
mailto:ensino.mag-helen.maravilha@gmail.com | http://www.promaravilha.blogspot.com/

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Por trás das letras


É  incrível  como  o  material didático impresso  recebeu,  ao  longo  dos  anos,  um  valor primordial.

Quando  os  primeiros  núcleos  educacionais  surgiram,  na  Grécia antiga, todo  conhecimento era trabalhado  em  longas  conversas,  chamadas  de  dialética.
Nessas  reuniões  o  que  importava não era interpretar, mas refletir acerca da realidade.
Deu-se  a  essa  maneira  de  pensar  o  nome  de  filosofar, isto é,  refletir  sobre  a realidade  em  busca  de  explicações, passeando  do  concreto ao  abstrato,  por  meio  da  síntese, tese  e antítese.

Enfim, o método dialético nos incita a revermos o passado, à luz do que está acontecendo no presente, ele questiona o presente em nome do futuro, o que está sendo em nome do que “ainda não é”. É por isso que o argentino Carlos Astrada define a dialética como “semente de dragões”, a qual alimenta dragões que talvez causem tumulto, mas não uma baderna inconseqüente.

Toda  essa prosa  para  refletir  nos  valores  da  escola  atual.
Com certeza se descaracterizou  bastante, pois a reflexão  se distanciou  e  ficou  esquecida.
Os  pais  ao  visitarem  a  escola  valorizam  o  material  didático, gostam quando  são visualmente atraentes,  com  bastante  páginas "conteúdos", e claro  uma "marca"  conhecida. Outra preocupação são os métodos de avaliação e regras disciplinares, têm  que  ser  flexíveis  e  facilitar  a vida do  aluno.
Se  tudo  for  como  esperavam, consideram essa uma  instituição  de ensino  séria  e  que  seu  filho merece ser  incluído.

Pensar ainda continua sendo a única maneira de se construir aprendizagens, todo o resto dá suporte e intarege com o educando.
Socioconstrutivismo, abordagem sócio histórico, sociointeracionismo entre outros, pode se tornar apenas rótulos, se não houver reflexão fundamentada nas diferentes correntes de pensamento pelos pais,  educadores  e  gestores  escolares.

Por  trás  das  letras  copiadas  e  lidas, estão  as  letras fundamentais,  as  que  o  aluno  produz  do  seu  pensar, a refletida   e  que  faz  parte  de  seu repertório, do  sentido  e  significado  atribuído  ao  que "apreendeu"   de  suas convivências.

Por  trás  das  letras  dos  alunos  está  a  dos  educadores, que  devem  entender  qual  o  seu  papel,  qual corrente de pensamento acreditam, e de como  desencadearão  a vontade  dos alunos  desejarem  descobrir  o  mundo  que os cerca,  e  mais  que isso, refletirem, atuarem  e  transformarem-no.

O material  didático  é  importante, mas não  imprescindível, é um  facilitador,  não  um roteiro cego,  para  ser preenchido freneticamente  e  corrigido até exaustão.

Minha sogra dizia: "- Mais  vale  a fé,  do  que o  pau  da  barca",  é   assim  que  funciona,  mais vale  no  que  o  educar  acredita,  que  o  que  dita  o  material  didático,  seja  ele  qual  for.
Portanto  se  o  educador  tem  seu  material  didático  como  centro  da aprendizagem, lhe  falta  fé, isto é, não tem uma  linha de pensamento, tão  pouco  reflete  sobre a  educação  e seu  papel  na  sociedade.

Na  minha última  postagem  comentei  sobre  o modismo  dos  testes  para seleção  nas  escolas,  eles  não aferem  sobre  a  fé  na  educação,  e isso  é  no  mínimo  desalentador.

Magda Cunha

*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
  consultora na rede pública e particular de ensino.
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domingo, 10 de julho de 2011

Teoria comportamental


No  ano  de  2010  assumi  uma  sala  de quinto  ano,  no  segundo  trimestre, e  vivi  uma  situação  singular, a  ponto  de  em  poucos dias  renuncia-la.
Foram  três  dias  de   seleção, com dinâmica, prova  escrita  e entrevista. Durante  o  processo conheci algumas professoras  e  fomos avaliando  aqueles  que  nos  avaliavam.
Observamos  que  existe  um  modismo  na  forma  de  seleção,  que já tornou-se padrão, e  que  infelizmente  não  colabora  muito  para  definir  realmente  as  competências e  habilidades  dos  candidatos.
Mas  mesmo  assim  resolvemos  ir  até  o  final,  eram  cinco  vagas  para  trinta  concorrentes  e  fui  uma  das  selecionadas.

Ao assumir,  a  direção  e coordenação  explicaram que  estavam  apostando  todas  as  fichas  em  mim,  que seria  a salvação  daquela  turma,  era  o  sol  no  horizonte  para  elas,  então situaram-me em relação a turma  e  imediatamente  fiquei preocupada.
Eles estavam  juntos  desde o  maternal, muitos  em  período  integral  e  tinham  uma  cumplicidade grande, eram  indomáveis, tinham  o  controle  nas  aulas,  faziam  o  que  queriam,  estavam  com  baixo  rendimento e necessitando  de  uma mão  dura, alguém  que os enfrentasse, revertesse  a situação,  colocasse  ordem  na  sala.
De antemão  coloquei  minha  forma  de  trabalhar, sondaria  as  expectativas  deles,  sua responsabilidade na  aprendizagem, como  gostariam  de aprender, o  que  os incomodava durante as  aulas, construia  com  eles os  limites/regras,  combinaríamos  uma  rotina, dividiria  a  turma  em  oito  grupos  e estabeleceria  metas para  alcançar,  sendo  que os  grupos  deveriam  cooperar  entre si,  pois  as  metas  eram  do  conjunto.
A coordenação ficou  animada  e  até  sugeriu  que  combinasse  um  passeio  se  eles  melhorassem  o  rendimento  no  próximo  trimestre.

Então  agora  era  só  mãos  a  obra. Iniciei  numa  terça-feira.
A professora  que  sairia  de licença  ficou  três  dias  comigo e  falou-me  da  situação difícil  da  turma.
Nesses  três  dias  vi  de  tudo,  aluno  pulando  sobre  as  carteiras, brigando, jogando  estojos nos outros  e  pro  alto, fugindo pro corredor, rasgando  livros, quebrando  lápis, empurrando, dando  rasteira  e  a  professora  gritando,  dando  sermões,  se escabelando, discutindo, tratando os  alunos  com  indiferença  e  impaciência.
A  sugestão  dela  era  ser  firme,  encarar  de  peito, impor  respeito,  ser  dura  e  muito  autoritária.
Voltei  à coordenação, falei o  que  observára  e que  não  era  meu  perfil  ser  autoritária  e  sim  exercer  a  autoridade, que os  alunos estavam viciados  naquela  atitude  e  da  dificuldade  em  executar  meu  planejamento sem alguma  ajuda.

Retornei  do  final  de semana  e  a  coordenadora  me ofereceu  uma  auxiliar, pois  tinha  muita  prova  para ser  refeita  e  livros  sem  correção.
Tentei  sem  sucesso  conversar  com  eles,  me  davam  as costas  e  ficavam  jogando baralho, joguinhos no  celular  ou  conversando  em  rodinha.
A auxiliar deu  uns  berros e  então  consegui  dar  início  ao  meu  planejamento. Conversei meia hora  e  logo  veio aula com  outro  professor,  intervalo  e  recomecei  tudo  denovo, sem sucesso.
Voltei  pra  casa  com a  cabeça  explodindo,  muito  barulho  e  pouco  resultado.
Assim  foram  mais  quatro  dias,  sensação  de perda  de tempo  e  frustração.

Iniciei a semana  e conversei  com  a coordenação, tinha  avançado  pouco e  pensava  em  fazer  uma  reunião  com  os  pais  para  entender  como  lidavam  com  os  filhos  em  casa  e  combinar  estratégias  para  melhorarem  o  comportamento. Também enviaria  para  coordenação  os  alunos  que  tivesem  comportamento  impróprio  para  levarem  uma  advertência.
Pediu-me até  o  final do  dia  para uma resposta.
Decidiram  então  que  era  melhor não  incomodar os  pais, pois  afinal eles  chegavam  cansados  do  trabalho  e  era  função  da escola  resolver  assuntos  disciplinares e  que  poderia  enviar  os  alunos  que  achasse  necessário  para  coordenação, não  para  tomarem  advertência, e  sim  para  conversarem.

Retornei  dia  seguinte,  pedi  para  auxiliar  passar  uma atividade  na  lousa  e fiquei  corrigindo  provas  e os trabalhos de  reposição  de  nota.
Percebi  que  com  dois  berros e  ameaças  de  mandar  para  direção  eles  ficaram sentados  e  até  participaram  da  atividade.

Não  tive  dúvida,  levantei  e  fui  até  a sala  da  direção,  expliquei  que  a  professora que  procuravam  estava  dentro  da  escola  há  quatro  anos, e  aquela  turma  funcionava  muito  bem  com  ela.
Comentei  que  ela  era  bem  alta  e  forte,  com  voz  estridente  e  impunha  respeito,  e  eu  além  de  tudo  era  menor  que  eles.
A  diretora  argumentou  que  a  auxiliar  não  estava  formada em  pedagogia  e  não  podia assumir.
Então  retruquei que  era  uma  pena, porque era  autoritária  e  funcionava, e  eu  infelizmente não  iria  faze-lo  igual.
Até  o  final  da semana  a  direção pensou  e  concordou  comigo,  agradeceram  minha  franqueza e  me  liberaram.
Durante  dias  fiquei  pensando  em  tudo  que vivera, na  seleção, no perfil  da  turma,  na atitude  da  escola, no  meu  desempenho  e no  desfecho.
Me aborrecia  o  fato de  não  ter  domado  aquela  turma,  assim  tive  uma clareza  sobre  os fatos.

Então  pontuei,  primeiro domar  não  é  coisa  para  uma  sala de aula, pois  lá  não  estão animais irracionais.
Segundo, os  alunos  assim  estavam  por  falta  de  atitude  dos  pais  e escola.
Terceiro,  o comportamento  deles é  reflexo  de uma  educação  desconexa,  descontextualizada, sucateada  e  perigosa.
Quarto,  esses  perfis  sem  limite  é  que  saem  pondo  fogo  em  indigentes e coisas similares.
Quinto, minha formação valoriza a  transformação  de  atitude  pelo auto-conhecimento, pela auto-regulação pessoal, pelo  empenho e  responsabilidade  para  atingir  um  resultado  satisfatório.
Sexto, acredito  na  construção  da  educação com parceria  familiar, sem  o  qual é inviável  a  caminhada.
E  por  último  a  relação  com  meus  alunos sempre será  de  autoridade,  pois  o  afeto  permeia  minha  prática  e o  respeito  mútuo fortalece  a  aprendizagem.
Amo  o que  faço  e  faço  por  que acredito,  tanto  que  não  sei, nem  quero  um fazer  diferente.

Teoria comportamental
Lembrei-me  de  Watson  e  Skinner, que através de estímulos, reações e hábitos,   obtinham  a  aprendizagem  com  ratos  em  laboratórios.
Uma  escola que  estimula  errado, tem  reações contrárias, hábitos  incorretos  e  a  aprendizagem  é  errada.
Infelizmente  quando  tratamos  crianças  como  cobaias  esse resultado  é  obtido.
Essa  teoria  está  obsoleta para  aprendizagem,  mas  serviu  para  explicar como  essa  turma  chegou  nesse estágio,  uma verdadeira  pena!

Magda  Cunha

*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
  consultora na rede pública e particular de ensino.
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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Diversidade cultural



Tudo junto e misturado, nosso  povo  é muito  lindo!

O  Brasil mesmo  antes  de  sua  colonização  já  possuia  uma  imensa  diversidade  cultural.
Os seus  habitantes,  índios,  como  foram  doravante  denominados pelos  portugueses, preenchiam  vasto  território  com  as  mais  diversas  culturas.
É  fato  que  quando  fomos  colonizados  a  cultura portuguesa,  dominante, ditou  as  regras,  contudo  com nova  roupagem, a  cultura  indígena  e  afro  agregadas.
Novas  colonizações  sucederam  e  por  conseguinte  outras  culturas,  os  espanhois, os  holandeses,  os  franceses,  mais  adiante os  italianos, judeus,...
Sempre vivemos  a  diversidade  cultural  e  dela  somos  autores  e  atores, segundo  Freire, "Cultura é  tudo que  é  criado pelo  homem,  consiste  em  recriar e  não  repetir.. . O  homem pode fazê-lo porque  tem  uma  consciência capaz  de  captar o  mundo  e transformá-lo".

Quando  entro  em  sala  de  aula  fico observando  aqueles  rostinhos,  vejo  que  riqueza  a diversidade cultural  e penso o  quanto  somos  um  povo  diferenciado, privilegiado e  porque  não  abençoados.
Não  dá  para  falar  em  diversidade  cultural  sem conhecer a história de cada aluno, de  suas  raízes,  de  seus  costumes, de  seus  valores,  religiosidade  e  visão  de  mundo.
A  cada  descoberta a  turminha  se une, sentindo-se  parte  de  um  todo, fortalecendo  a  cumplicidade e  valorizando  a  essência  de cada  um.
Dessa  maneira  trabalho a  auto estima,   e  afasto as  brincadeiras violentas  e  de  mau gosto, bulling.

Estudando  Vygotsky li  que, "as crianças são o  resultado de  suas  experiências  e  da troca  com  o  outro", observei então que  a  diferença  estava  na  maneira que  construíam  seus significados.
Construir  aprendizagens  significativas  está  ao  alcance  de qualquer  aluno e  de  qualquer  educador,  basta  estarem  em  sintonia.
Cada  aluno  tem  um  tipo  de  conhecimento  e socializa com  a  turma, pois  já  entendeu que sua contribuição é  importante, e  ajuda  melhorar  o  desempenho  de  todos.



Por definição: Diversidade cultural tem como função unir todas as diferenças culturais em uma única, bem como a forma que se organizam e suas concepções religiosas e morais, utilizando a linguagem, as danças, a maneira de se vestir e suas tradições, o termo diz respeito a variedade de idéias.


Magda  Cunha

*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
 consultora na rede pública e particular de ensino.
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