sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Educar para as emoções

Se a preocupação fosse voltada para a formação dos seres evitaríamos muitas  catástrofes.

A inteligência emocional é uma forte aliada do sucesso, seja qual for a profissão, sem ela perdemos mais do que sermos bem sucedidos no trabalho, perdemos a sensibilidade da vida.


Magda Cunha

Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em aprendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino
mag-helen.maravilha@gmail.com
www.promaravilha.blogspot.com



07/07/2010 11:43
Texto Cynthia Costa

Educar
criança brincando
A criança precisa de um momento em que não esteja sendo julgada ou cobrada, em que possa simplesmente fantasiar e fazer o que quer
"Meu filho vai ter nome de santo / Quero o nome mais bonito". Os versos da música-ícone "Pais e Filhos", da banda Legião Urbana, simbolizam a vontade que quase todo pai tem de fazer o melhor para o seu herdeiro. Antes mesmo de o bebê nascer, pai e mãe embarcam num planejamento detalhado, que vai do nome de batismo à escolha da escola. Não raro, a criança mal saiu do berço e já está disputando vaga num dos melhores colégios de sua cidade, fenômeno percebido principalmente entre as famílias de classe média alta.

"Os filhos hoje são verdadeiros tesouros de seus pais. Dizemos que são superinvestidos", sinaliza o médico Luiz Carlos Prado, psicoterapeuta familiar de Porto Alegre, RS. Esse superinvestimento se dá em diversos sentidos. Não apenas as crianças são muito amadas, vigiadas e protegidas, como frequentam escolas concorridas e têm acesso a bens materiais caríssimos, como videogames e computadores de última geração.

Expectativas demasiadas e excesso de proteção e de mimos, porém, conduzem muitas vezes a um quadro indesejável: a criança pode se tornar um jovem cheio de conhecimentos, entretanto pouco capaz de se relacionar em grupo e, pior, insatisfeito e infeliz. Acostumado a ter tudo à mão, ele reage mal diante das dificuldades intrínsecas à vida e à convivência em sociedade. Consequentemente, não desenvolve a segurança e o jogo de cintura necessários para a satisfação pessoal e o sucesso profissional.

A ironia é que são essas características prejudicadas pelo excesso de investimento - habilidade para conviver, empatia, flexibilidade - que o mundo profissional mais tem procurado. Em um estudo recente, a IMC Consultoria Empresarial, do Rio de Janeiro, divulgou que 75% das empresas brasileiras consideram a chamada "inteligência emocional" mais importante do que os conhecimentos práticos de seus funcionários. Não adianta, portanto, investir na hiperqualificação de seu filho sem, ao mesmo tempo, lhe garantir uma formação emocional tão sólida quanto.

Pensando nisso, o Educar para Crescer conversou com especialistas e traçou algumas orientações fundamentais para que pais não percam de vista as emoções de seus filhos. Confira!
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Quem não gostaria de ter sido mais popular, o primeiro a ser escolhido para o time de futebol, a menina mais bonita da escola? Todos gostaríamos de ter sofrido menos e de ter sido mais admirados. Mas lembremos: cada um vive uma história única. Portanto, não adianta canalizar para o seu filho a expectativa de que ele será tudo que você gostaria de ter sido. Ou terá tudo o que você gostaria de ter tido. Além da impossibilidade universal de ser 100% feliz e amado todo o tempo, leve em conta também que seu filho é outra pessoa, provavelmente com aptidões e vontades diferentes das suas. "Muitas vezes, os filhos parecem ser a extensão narcísica dos pais", aponta a psicóloga e psicanalista Elizabeth Brandão, de São Paulo, professora do curso de psicologia da PUC-SP. Isso quer dizer que a criança não irá complementar a sua vida, muito menos compensá-la. Ela terá uma vida dela, com suas próprias dificuldades e conquistas.Pressionada para que seja uma versão melhorada de você, a criança irá falhar e, pior, perceberá esse fracasso como uma espécie de decepção para os pais. Por isso, desde cedo, procure dar espaço para a diferença de gostos e de objetivos em sua família. Nunca perca de vista que criar um filho é acompanhar o desenvolvimento da vida de outro ser humano e auxiliá-lo nessa trajetória, e não moldar alguém ao seu gosto.
O videogame mais moderno. Festinhas de aniversário em bufês caros. Férias em resorts. Será mesmo que as crianças precisam de toda essa sofisticação? A resposta é simples: não. É a nossa sociedade de consumo exacerbado que vê nas crianças um público bastante influenciável, já que os pais costumam se dobrar ao menor de seus desejos. E por que os pais atendem aos apelos? Porque eles mesmos estão inseridos nesse contexto capitalista e também não questionam a serventia do que é propagandeado. "Os pais não gostam de se privar e, por isso, não querem privar os filhos", resume o médico e psicoterapeuta Luiz Carlos Prado, autor dos livros "Entre a Realidade e os Sonhos" e "Amor & Violência nos Casais e nas Famílias" (ambos da editora Sinopse). A psicanalista Elizabeth Brandão reforça, questionando: "Que valor teria uma roupa de grife para uma criança, por exemplo? É apenas o entorno que a convence disso". Além de supervalorizar aquilo que o dinheiro pode comprar, o problema dessa indulgência toda é que a criança passa a esperar muito de tudo e deixa de reconhecer oportunidades - e alegrias - na simplicidade. E estas podem ser muitas. Uma bola para jogar futebol ou um giz para desenhar uma amarelinha fazem facilmente a alegria da garotada. Em dia de chuva, que tal desenhar, aprender a fazer um bolo ou apenas virar cambalhotas no chão da sala? Todas essas são atividades saudáveis, que ajudam a desenvolver a sociabilidade e a autoestima. "Entre o shopping e a pracinha, fique sem dúvida com a pracinha. Entre um brinquedo cheio de luzes e sons e um de sucata, fique com o segundo", sugere Elizabeth, lembrando que é na experimentação que a criança desenvolve a criatividade. O videogame e os jogos de computador não devem ser proibidos, claro. Mas não é recomendável basear toda a diversão das crianças em eletrônicos e parquinhos modernosos, sob o risco de frear a sua capacidade criativa e torná-las consumistas e insaciáveis - desesperadas pelo último modelo de qualquer coisa. A liberdade para descobrir e traçar as próprias regras é essencial na construção do jogo de cintura que será tão apreciado mais tarde, no mercado de trabalho. E, claro, tem papel fundamental na própria felicidade.
Pare um momento para pensar: você realmente escuta o que seu filho tem a dizer e, inclusive, aprende com ele? E, mais: já mudou de ideia em relação a um assunto após ouvir um argumento dele? Se sua resposta sincera for não, talvez esteja na hora de realmente abrir o coração e compartilhar. Para o psicanalista Ignacio Gerber, de São Paulo, o diálogo sincero é uma das bases para uma boa relação entre pais e filhos."O ideal seria uma conversa sem pressupostos, na qual realmente se realize uma troca", sugere o psicanalista, enfatizando, ainda, o poder da verdade nas relações: "Como dizia Bion e outros pensadores, a verdade faz bem para a saúde; já a mentira, intoxica".Isso quer dizer que pais, em vez de se colocarem num pedestal, como se tudo já soubessem e nada temessem, talvez possam se humanizar mais e, na troca de experiências, desenvolver um vínculo real com seus filhos. Por exemplo, por que esconder da criança que houve um contratempo em seu dia? Se for algo que possa ser compreendido por ela, vale a pena dividir. Assim ela saberá que tropeços acontecem na vida de todos, até daqueles que ela mais admira, e não apenas na dela, e se sentirá, dessa forma, mais segura. Quando sente que é ouvida pelos pais, a criança também se valoriza mais e vai firmando a sua própria voz. Um estudo realizado na Suíça em 2007/2008 mostrou, por exemplo, que crianças ouvidas em casa tendem a tirar notas mais altas na escola.
Especialistas são unânimes ao afirmar que nada é mais valioso numa educação do que o exemplo dado pelos pais. Como nem sempre pais avaliam suas próprias atitudes antes de orientar os filhos, cria-se uma contradição pouco construtiva nessa relação. O psicanalista Ignacio Gerber dá um exemplo: "Dizemos que pai nenhum deve entrar numa loja de brinquedos e deixar os filhos comprarem o que quiserem. Mas e se esses pais forem indulgentes consigo mesmos, enchendo a garagem de carros e a casa de acessórios? Como impor ao filho um padrão diferente?". Ou seja: quando os próprios pais se presenteiam constantemente com "brinquedos", fica difícil mesmo convencer os filhos a não fazerem o mesmo. E, caso os pais não percebam essa contradição, não há dúvida de que os filhos perceberão e se ressentirão disso. A máxima de Gandhi "seja para o mundo o que gostaria que o mundo fosse" pode ser muito bem aplicada na criação dos filhos. Quer crianças menos consumistas? Consuma menos e expresse que existe satisfação e felicidade em outras conquistas, que não envolvam dinheiro e lojas. Quer que seu filho brinque mais lá fora? Não tenha receio de arrancar os sapatos e pisar na grama molhada. E nem é preciso dizer que filhos de leitores assíduos tendem a ler mais. Uma pesquisa realizada no ano passado pelo governo americano mostrou que 74% dos jovens que estudam em boas universidades liam com seus pais quando eram pequenos.
E entenda que a brincadeira não pode se restringir a desvendar os botões de uma boneca falante ou de um carrinho supersônico. A melhor brincadeira é aquela que é espontânea, criada pelas próprias crianças, sozinhas ou em grupo. É experimentando que a criança desenvolve segurança, tornando-se, mais tarde, um adulto mais centrado e confiante em seu próprio taco. "A criança precisa de um momento em que não esteja sendo julgada ou cobrada, em que possa simplesmente fantasiar e fazer o que quer. Assim ela saberá que não depende do olhar do outro para ser alguém", explica a psicanalista Elizabeth Brandão, lembrando que não é recomendável preencher todos os dias da criança com cursos extracurriculares, e nem mesmo com atividades recreativas "dirigidas".Durval Checchinato, psicanalista de Campinas, SP, e autor do livro "Criança: Sintoma dos Pais", também enfatiza que a falta de ócio pode limitar a plenitude da infância. "Deve haver um limite para o engajamento dos pais. Em nossa sociedade, pais tentam ocupar os filhos com múltiplas atividades (esportes, línguas), que os deixa sem fôlego e tempo para viver a infância ou mesmo a adolescência", observa. "Essa ganância atropela a criança, que fica sem tempo para curtir sua infância. E, queimando essa etapa da vida, ficará um vazio irrecuperável na vida adulta". Hoje, também costumamos achar que a criança deve ser estimulada em todos os momentos, até quando está brincando. Tudo tem de ser educativo, instrutivo, informativo. Mas atente para o exagero. "É um equívoco ‘estimular ao máximo’ a criança. Ela acaba se tornando irriquieta, hipermotiva, como se não vivesse mais sem estímulo", alerta Checchinato. Outro ponto levantado pelo psicanalista é o excesso de tratamentos a que as crianças têm sido submetidas - frequentemente, são atendidas por psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos e psiquiatras. "Os pais têm de saber que eles mesmos podem resolver a maior parte dos problemas de seus filhos. Autoavaliando-se, eles podem perceber a origem das questões e trabalhá-las em família", acredita.
Este é um jargão repetido entre especialistas. E o que significa dar limite? Entre outras coisas, definir horários na rotina da criança, repreendê-la se cometer atos agressivos e não lhe dar tudo que quer. Em síntese: saber dizer não quando julgar necessário. E por que se trata de um ato de amor? Porque só quem recebeu limites consegue ser feliz. Se comêssemos brigadeiro todos os dias, ele teria o mesmo gosto? Provavelmente não. A partir desse raciocínio básico, avalie se tem deixado espaço para seu filho desejar coisas que não tem - não apenas coisas materiais, mas também aquilo que ele conquistará com o tempo, construindo sua identidade no mundo: mais liberdade para ir e vir e maior poder de decisão. O sentimento de falta tem a grande vantagem de nos empurrar em direção a conquistas, como ressalta o psicoterapeuta Luiz Carlos Prado: "A falta nos movimenta. Vamos atrás daquilo que não temos. Não é à toa ouvirmos falar de pessoas que partiram do nada e alcançaram muita coisa". Na mesma linha, o psicanalista Durval Checchinato reforça: "É bom lembrar que não há desejo sem falta nem saudade. Quanto mais propiciarmos que nossos filhos encarem essa realidade estrutural, mais os ajudaremos e os prepararemos para a vida". Assim, não projete em seu filho a possibilidade de ter tudo, e nem procure dar a ele tudo que puder como forma de compensar outras faltas que você não possa controlar. Curvando-se a todas as suas vontades e temendo que ele se revolte diante do menor dos nãos, você o prejudica muito mais do que se deixá-lo chateado vez ou outra ao negar um pedido ou repreendê-lo devido a um comportamento inadequado. "Nada mais prejudica um filho ou o infantiliza do que o superproteger, mimá-lo ou poupá-lo do real da vida", explica Checchinato. "A criança precisa desde cedo ser ensinada a enfrentar esse real e ser conscientizada de que frustrações fazem parte do viver. Apoiada e incentivada pelos pais, ela se habitua a superar obstáculos e a vencer etapas. Autoconfiança é uma virtude que ela conquistará passo a passo, pois não vem de fora".

 

       

E entenda que a brincadeira não pode se restringir a desvendar os botões de uma boneca falante ou de um carrinho supersônico. A melhor brincadeira é aquela que é espontânea, criada pelas próprias crianças, sozinhas ou em grupo. É experimentando que a criança desenvolve segurança, tornando-se, mais tarde, um adulto mais centrado e confiante em seu próprio taco. "A criança precisa de um momento em que não esteja sendo julgada ou cobrada, em que possa simplesmente fantasiar e fazer o que quer. Assim ela saberá que não depende do olhar do outro para ser alguém", explica a psicanalista Elizabeth Brandão, lembrando que não é recomendável preencher todos os dias da criança com cursos extracurriculares, e nem mesmo com atividades recreativas "dirigidas".Durval Checchinato, psicanalista de Campinas, SP, e autor do livro "Criança: Sintoma dos Pais", também enfatiza que a falta de ócio pode limitar a plenitude da infância. "Deve haver um limite para o engajamento dos pais. Em nossa sociedade, pais tentam ocupar os filhos com múltiplas atividades (esportes, línguas), que os deixa sem fôlego e tempo para viver a infância ou mesmo a adolescência", observa. "Essa ganância atropela a criança, que fica sem tempo para curtir sua infância. E, queimando essa etapa da vida, ficará um vazio irrecuperável na vida adulta". Hoje, também costumamos achar que a criança deve ser estimulada em todos os momentos, até quando está brincando. Tudo tem de ser educativo, instrutivo, informativo. Mas atente para o exagero. "É um equívoco ‘estimular ao máximo’ a criança. Ela acaba se tornando irriquieta, hipermotiva, como se não vivesse mais sem estímulo", alerta Checchinato. Outro ponto levantado pelo psicanalista é o excesso de tratamentos a que as crianças têm sido submetidas - frequentemente, são atendidas por psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos e psiquiatras. "Os pais têm de saber que eles mesmos podem resolver a maior parte dos problemas de seus filhos. Autoavaliando-se, eles podem perceber a origem das questões e trabalhá-las em família", acredita.

Este é um jargão repetido entre especialistas. E o que significa dar limite? Entre outras coisas, definir horários na rotina da criança, repreendê-la se cometer atos agressivos e não lhe dar tudo que quer. Em síntese: saber dizer não quando julgar necessário. E por que se trata de um ato de amor? Porque só quem recebeu limites consegue ser feliz. Se comêssemos brigadeiro todos os dias, ele teria o mesmo gosto? Provavelmente não. A partir desse raciocínio básico, avalie se tem deixado espaço para seu filho desejar coisas que não tem - não apenas coisas materiais, mas também aquilo que ele conquistará com o tempo, construindo sua identidade no mundo: mais liberdade para ir e vir e maior poder de decisão. O sentimento de falta tem a grande vantagem de nos empurrar em direção a conquistas, como ressalta o psicoterapeuta Luiz Carlos Prado: "A falta nos movimenta. Vamos atrás daquilo que não temos. Não é à toa ouvirmos falar de pessoas que partiram do nada e alcançaram muita coisa". Na mesma linha, o psicanalista Durval Checchinato reforça: "É bom lembrar que não há desejo sem falta nem saudade. Quanto mais propiciarmos que nossos filhos encarem essa realidade estrutural, mais os ajudaremos e os prepararemos para a vida". Assim, não projete em seu filho a possibilidade de ter tudo, e nem procure dar a ele tudo que puder como forma de compensar outras faltas que você não possa controlar. Curvando-se a todas as suas vontades e temendo que ele se revolte diante do menor dos nãos, você o prejudica muito mais do que se deixá-lo chateado vez ou outra ao negar um pedido ou repreendê-lo devido a um comportamento inadequado. "Nada mais prejudica um filho ou o infantiliza do que o superproteger, mimá-lo ou poupá-lo do real da vida", explica Checchinato. "A criança precisa desde cedo ser ensinada a enfrentar esse real e ser conscientizada de que frustrações fazem parte do viver. Apoiada e incentivada pelos pais, ela se habitua a superar obstáculos e a vencer etapas. Autoconfiança é uma virtude que ela conquistará passo a passo, pois não vem de fora".








"Respeitar os mais velhos" parece coisa de outro tempo? Pois justamente por parecer uma coisa antiga que se tornou comum ouvir a reclamação "como as crianças andam mal-educadas". Respeitar os mais velhos não significa que a criança deva obedecer cegamente a pais e professores, muito menos sentir-se ameaçada na presença de um adulto. Mas, sim, ter consciência de como essas pessoas são importantes em sua vida e, por isso, valorizá-las. É fundamental, por exemplo, que a criança perceba que aprende com seu professor e se sinta grata por isso. O respeito ao próximo também se aplica, é claro, a coleguinhas de sua mesma idade e de outras pessoas de sua convivência, inclusive aquelas que trabalham em sua casa, como a babá e a empregada.
Para os pais, a missão é deixar claro para a criança, de maneira natural, que ela não conseguiria viver sozinha. "Desde sempre os pais podem transmitir à criança que nada somos sem o outro. Em tudo dependemos do outro: na concepção, na gestação, no nascimento, nos cuidados com a criança, no amor, no carinho, na alimentação, na higiene...", sugere o psicanalista Durval Checchinato.
Outra dica para os pais é chamar a atenção da criança, no dia a dia, para os sentimentos alheios, ajudando-a, assim, a desenvolver a empatia e a compaixão. Um estudo recente do Instituto Nacional de Saúde Mental, nos Estados Unidos, mostrou que crianças se tornam mais empáticas quando, após agredirem ou ofenderem um coleguinha, são confrontadas com observações como "Olha só, ele está chorando porque doeu" ou "Ele ficou triste, por que você não pede desculpas?".









Este é um jargão repetido entre especialistas. E o que significa dar limite? Entre outras coisas, definir horários na rotina da criança, repreendê-la se cometer atos agressivos e não lhe dar tudo que quer. Em síntese: saber dizer não quando julgar necessário. E por que se trata de um ato de amor? Porque só quem recebeu limites consegue ser feliz. Se comêssemos brigadeiro todos os dias, ele teria o mesmo gosto? Provavelmente não. A partir desse raciocínio básico, avalie se tem deixado espaço para seu filho desejar coisas que não tem - não apenas coisas materiais, mas também aquilo que ele conquistará com o tempo, construindo sua identidade no mundo: mais liberdade para ir e vir e maior poder de decisão. O sentimento de falta tem a grande vantagem de nos empurrar em direção a conquistas, como ressalta o psicoterapeuta Luiz Carlos Prado: "A falta nos movimenta. Vamos atrás daquilo que não temos. Não é à toa ouvirmos falar de pessoas que partiram do nada e alcançaram muita coisa". Na mesma linha, o psicanalista Durval Checchinato reforça: "É bom lembrar que não há desejo sem falta nem saudade. Quanto mais propiciarmos que nossos filhos encarem essa realidade estrutural, mais os ajudaremos e os prepararemos para a vida". Assim, não projete em seu filho a possibilidade de ter tudo, e nem procure dar a ele tudo que puder como forma de compensar outras faltas que você não possa controlar. Curvando-se a todas as suas vontades e temendo que ele se revolte diante do menor dos nãos, você o prejudica muito mais do que se deixá-lo chateado vez ou outra ao negar um pedido ou repreendê-lo devido a um comportamento inadequado.
"Nada mais prejudica um filho ou o infantiliza do que o superproteger, mimá-lo ou poupá-lo do real da vida", explica Checchinato. "A criança precisa desde cedo ser ensinada a enfrentar esse real e ser conscientizada de que frustrações fazem parte do viver. Apoiada e incentivada pelos pais, ela se habitua a superar obstáculos e a vencer etapas. Autoconfiança é uma virtude que ela conquistará passo a passo, pois não vem de fora".

Contratação de portador de deficiência

O Dr. Sérgio Ferreira Pantaleão discorre sobre a contratação de portadores de deficiência  e  quando ela é obrigatória.
Esses esclarecimentos são de grande valia nesse momento em que temos uma lei que vaforece a contratação de deficientes no mercado de trabalho estipulando uma cota, de acordo com o número de funcionários da empresa. 

Magda  Cunha





A empresa com 100 (cem) ou mais empregados deverá preencher de 2% a 5% por cento dos seus cargo, com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência habilitadas, na seguinte proporção:
I – até 200 empregados 2%
II – de 201 a 500 empregados 3%
III – de 501 a 1.000 empregados 4%
IV – de 1.001 em diante 5%
Desta forma, conclui-se obrigatória a contratação de pessoas portadoras de deficiência ou beneficiárias reabilitadas, independentemente do tipo de deficiência ou de reabilitação.
De acordo com o Decreto 914/1993 pessoa portadora de deficiência é aquela que apresenta, em caráter permanente, perdas ou anormalidades de sua estrutura ou função psicológica, fisiológica, ou anatômica, que gerem incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano.
Consideram-se beneficiários reabilitados todos os segurados e dependentes vinculados ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS, submetidos a processo de reabilitação profissional desenvolvido ou homologado pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.
A legislação estabelece ainda que as empresas devam obedecer a um percentual mínimo de contratação em relação ao número de empregados efetivos.


LEGISLAÇÃO
Embora pareça ser um assunto recente, as normas legais que asseguram o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiências e sua efetiva integração social estão em vigor desde 1989, com a publicação da Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989.
Na verdade a própria CF/88 já previa, conforme mencionado abaixo, as garantias dos seguintes direitos aos portadores de deficiência:
  • Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência - art. 7º, XXXI;
  • A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão - art. 37, VIII;
  • A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária por meio da assistência social - art. 203, IV;
  • A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família - art. 203, V;
  • Criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos - art. 227, § 1º, II;
  • De construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência - art. 227, § 2º.
As empresas que não cumprirem com a legislação estarão sujeitas a multas elevadas, além das intervenções do Ministério Público do Trabalho - MPT que atua fiscalizando as relações entre empregados e empregadores.
Por meio das investigações, o MPT, quando encontra irregularidades, emite o termo de compromisso de ajustamento de conduta, pelo qual as empresas estabelecem metas e prazos para cumprir a lei. Para quem não cumpre estas metas, o MPT propõe ações civis públicas visando assegurar o direito previsto na legislação trabalhista.


ACORDOS COM O MPT PODE SER A SAÍDA PARA SE EVITAR MULTAS
Embora haja, muitas vezes, a resistência por parte dos empregadores, não há outra opção senão a de cumprir a lei. Sabe-se, de fato, que há muitos setores, como por exemplo, o de siderurgia, que pelo tipo específico de atividade, acaba colocando em risco a integridade física dos deficientes contratados por força da lei.
No entanto, de forma alguma isto será "desculpa" perante o MPT, pois dificilmente uma empresa que exerce atividade com grau de risco mais elevado, não tenha, dentre suas atividades, uma que possa recepcionar o portador de deficiência que não o coloque em risco, como por exemplo, a área administrativa, contábil, financeira e etc.
Por outro lado, há alegações de empregadores que não encontram profissionais, portadores de deficiência, capacitados para exercer as atividades na empresa, o que, por si só, não justificaria a não contratação, já que pela intrínseca responsabilidade social da empresa, o treinamento e a capacitação da mão de obra, se faz presente.
Uma das formas de se evitar o descumprimento da lei é fazer acordos com o MPT, determinando prazos para cumprir a cota estabelecida pelo número de empregados efetivos, para se preencher o respectivo percentual previsto na legislação.
Para a contratação, as empresas podem se utilizar, além da comunicação interna entre os empregados, a divulgação em jornais e ainda entrar em contato com organizações não governamentais e entidades que apoiam o deficiente.

10 perguntas que os pais devem fazer aos professores

A vida corrida e as múltiplas tarefas que os pais se dispõe a cumprir acaba por afastá-los do horizonte escolar.
Tarefas escolares para realização em casa são um verdadeiro martírio, pais e crianças se desgastam para conseguir cumpri-las.
Saber o que aconteceu na escola passa desapercebido, a não ser que venha um comunicado da professora.
A rotina torna as relações cegas, famílias ligam o piloto automático e seguem certas de estarem cumprindo seu objetivo último, sobreviverem. 
Será até que ponto dará para levar essa situação? Sem diálogo, sem saber o que passa na vida dos filhos?
Segue uma série de reportagens sobre diversos temas, uma busca pelo resgate da vivência familiar, do sentido de ser pais e estar presentes no cotidiano deles.

Magda Cunha

Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em aprendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino
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A participação dos pais na escola ajuda no desempenho escolar das crianças. Uma boa maneira de começar é falando com os mestres

26/01/2011 19:10
Texto Bruna Nicolielo
Educar
Foto: Dreamstime
Foto: Demonstrar interesse pelo aprendizado das crianças é o primeiro passo para melhorar o desempemho escolar delas
Demonstrar interesse pelo aprendizado das crianças é o primeiro passo para melhorar o desempenho escolar delas
Pais educam, escolas ensinam: apregoa um velho provérbio. De fato, é um erro atribuir à escola a total responsabilidade pelo desempenho escolar das crianças. Pesquisas em todo mundo mostram que o envolvimento da família na vida escolar dos filhos é vital para o desenvolvimento deles. A parceria pais + professores é considerada tão importante que governos pelo mundo investem em medidas para incentivar a presença dos pais na rotina da escola. Em Nova York (Estados Unidos), onde medidas fizeram com que a cidade fosse considerada um dos sistemas com trajetória de forte melhoria no mundo, segundo um relatório da consultoria Mckinsey, de 2008, existem políticas públicas específicas para estimular a participação dos pais.

Uma das principais iniciativas tomadas pela prefeitura foi a de criar a posição de coordenador de pais para cada uma das escolas públicas da cidade. Esse profissional trabalha como mediador entre a escola e a família: acolhe os pais, tira dúvidas e ajuda quem não pode participar de reuniões da Associação de Pais e Mestres. No Brasil, o MEC, secretárias estaduais e municipais começam a se engajar nessa luta para envolver a família. As escolas brasileiras mais bem colocadas no Ideb (índice de desenvolvimento da educação básica) também têm estratégias para atrair os pais para dentro da escola. "Isso faz a diferença entre uma boa escola e uma mediana", diz Eliana Aparecida Piccini Coelho, diretora da escola André Ruggeri, de Cajuru (SP), com nota 7,9 no indicador governamental.

A participação é importante, sim, e por isso o trabalho dos pais precisa estar em sintonia com a escola. E, nada melhor, do que uma conversa (ou várias) com o professor da criança para descobrir como ajudar. "A família tem de contar com a escola para cuidar dos filhos, mas essa responsabilidade deve ser compartilhada. Senão, vira um jogo de empurra-empurra e quem sofre é a criança" diz Luciana Fevorini, coordenadora de ensino fundamental II do Colégio Equipe, em São Paulo.

Como começar a conversa com o professor? O contato pode ser informal, aproveitando as entradas e saídas da escola, ou por meio de um telefonema. "Os pais podem ligar para a escola e perguntar o melhor momento para falar com o professor. Mas a escola deve lembrar que a maioria dos pais trabalham e que, muitas vezes, alguns horários são proibitivos", diz a psicóloga e educadora Ana Inoue. É papel da escola propor momentos de contato entre pais e professores. Se a escola não fizer isso, a família pode exigir a abertura de um espaço para conversa.

Muitos pais, no entanto, podem sentir-se constrangidos em questionar os professores sobre a vida da criança na escola. O motivo, muitas vezes, é o desconhecimento. Demonstrar interesse pelo aprendizado do filho, independente do nível socioeconômico, é o primeiro passo para que ele melhore na escola. "Mesmo que não tenham estudos, os pais podem, sim, conversar com o professor", diz a pedagoga paulista Carmen Galuzzi. Para ajudá-lo na tarefa de iniciar o diálogo com o mestre de seu filho, consultamos especialistas e identificamos 10 perguntas que podem servir de ponto de partida.

1. Meu filho participa das aulas?
É importante saber se a criança tem feito as lições propostas em classe e participado das atividades. Independente da faixa etária, a participação indica o envolvimento do aluno. "O professor pode dizer se a criança demonstra curiosidade ou se é apática", explica Ana Inoue, coordenadora do Instituto Acaia, em São Paulo (SP). Professores de crianças maiores podem ser perguntados sobre o interesse que os jovens demonstram -- ou não -- nas aulas. "Participar ativamente, fazendo e respondendo perguntas, evidencia o potencial de aprendizagem do estudante", completa Ana.

2. Como meu filho se relaciona com colegas, professores e escola em geral?
Com a resposta a esta questão é possível avaliar se a criança está se socializando e respeitando as regras da escola. Muita agitação ou timidez podem ser indício de que algo vai mal. E o professor, que convive muito tempo com a criança, deve sinalizar esses comportamentos aos pais. "Crianças manifestam problemas disciplinares, que a família muitas vezes não percebe, na forma de dificuldades de adaptação na escola", diz psicólogo Jacques Akerman, de Belo Horizonte (MG). Muitos pais podem achar que a criança é tímida em casa e saber, pelo professor, que ela tem boa integração social na escola. O contrário também pode ocorrer. "A família pode achar que a criança se relaciona bem e descobrir que ela é tímida na escola" explica Luciana Fevorini. Outros aspectos são importantes: ela chora? Come direito na escola? "Os pais precisam ficar atentos também a esses detalhes", diz Luciana Fevorini.

3. Devo ajudar nas tarefas de casa?
Muitos pais ficam em dúvida entre corrigir o dever de casa ou não. O professor pode mostrar quais são as melhores posturas em relação à tarefa, quais atitudes devem ser evitadas. O ideal é combinar com ele, pois podem ocorrer divergências entre as instruções da escola e da família. "Muitos pais ficam preocupados em corrigir erros ortográficos, mas, muitas vezes, isso não importa tanto para o professor, que observa o conjunto e a evolução do aluno", diz Luciana Fevorini.

4. Como ajudar nas tarefas?
Algumas crianças, por força do hábito, só fazem o dever na companhia de um adulto. Nesse caso, os pais podem acompanhar a lição, claro, supervisionando a atividade e, assim, estimulando a autonomia. "A família não pode fazer a tarefa pela criança, jamais", ressalta Carmen Galuzzi. Quando os pais não têm condições de ajudar na lição -- e não importa se o motivo é a falta de tempo ou o desconhecimento --, não há motivo para vergonha. Devem pedir orientações mais claras à escola e até contarem seus problemas, dizendo com franqueza que nunca aprenderam determinados assuntos. Mesmo porque os métodos mudaram muito, a começar pela alfabetização, com a substituição das velhas cartilhas por sistemas considerados mais modernos. Outro motivo comum é a dificuldade de alguns pais com pesquisas pelo computador. Se não puder ajudar, o melhor é informar a escola. Seu filho só tem a ganhar com isso -- e você pode tentar aprender o que não teve oportunidade de estudar antes.

5. Como posso me integrar à escola?
O professor explicará se a escola tem associações de pais e como aderir a elas. Além disso, falará sobre outras formas de inclusão da família na escola -- muitas têm projetos no contraturno e no fim de semana que envolvem toda a comunidade. O programa Tempero de Mãe, desenvolvido na rede municipal de Sud Menucci, no interior paulista, é um exemplo: envolve mães na preparação da alimentação escolar e por tabela, no dia-a-dia da escola. As candidatas são selecionadas, contratadas e remuneradas pela Associação de Pais e Mestres (APM). Você também pode apoiar a abertura da escola do seu filho para a comunidade, organizar e participar de atividades extra-classe que acontecerem nas dependências da escola. "Se você é bom em música, por exemplo, ofereça ajuda" afirma Luciana Fevorini. A psicóloga alerta, porém, para a possibilidade de pais ocupados se sentirem discriminados e isso gerar conflitos com a escola. "A família pode ajudar, mas os professores não podem contar com isso".

6. Qual a rotina da escola em relação às tarefas?
Procure entender como funciona a lição de casa. A escola costuma passar muitos deveres? Qual a freqüência? A lição exige muito tempo de estudo? Conhecer a rotina da escola em relação aos deveres pode ajudá-lo a acompanhar a criança e lembrá-la de fazer tarefa todo dia. "O pai pode não saber como ajudar, mas pode perguntar à criança se ela fez ou não a lição", diz Ana Inoue. Segundo a psicóloga, providenciar um lugar para os estudos também é uma forma de estimular os pequenos: "Pode ser qualquer lugar da casa. Vale até a mesa da cozinha".
7. Como a escola organiza comemorações?
Comemorações são ótimas formas de integração entre pais e mestres. Aproveite para se aproximar do professor do seu filho. Procure saber como a escola celebra aniversários de alunos e se permite a organização de festas. Mas há de considerar o outro lado da moeda: verifique se datas comemorativas, como o dia do índio, por exemplo, não interferem na carga-horária -- muitas crianças perdem aulas importantes para organizar festas que nada acrescentam ao aprendizado. "Sou contra comemorações do tipo data pela data", diz Luciana Fevorini, do colégio Equipe. Ela explica que os eventos devem integrar o planejamento e o currículo da escola. "Os pais têm de entender os objetivos da atividade e tentar esclarecer eventuais dúvidas", completa. Por isso, nada de inibições: você pode e deve tirar dúvidas e questionar a importância de determinadas atividades. "Muitos colégios valorizam a formação da cidadania e a cultura, mas o que conta mesmo é a leitura e a escrita" explica Ana Inoue. Para esta psicóloga, os pais devem perguntar o que a escola pretende ensinar com tais atividades e quais os conteúdos prioritários.
8. Como a escola avaliará o avanço do meu filho?
Tradicionais ou não, as provas diagnosticam o progresso da criança. Por isso, é importante entender quais são os critérios de avaliação da escola (a nota vai resultar da aplicação de uma prova de trabalhos ou dos dois?) e como a média é composta. Também é importante saber os motivos da nota da criança. "Em resumo, os pais têm de entender o que seus filhos precisam saber para tirar nota 10", afirma a psicóloga Ana Inoue. O mesmo vale para notas baixas. Peça exemplos concretos e não hesite em tirar dúvidas. Muitos professores, sem perceber, usam jargões e palavras difíceis, o que dificulta o entendimento dos pais e os afasta da escola.
9. Como é a comunicação entre a família e a escola?
Saber a melhor forma de se comunicar com a escola e também como ela vai responder é fundamental. Assim, dá para entender como a escola se relaciona com os pais, com que freqüência organiza reuniões, como notifica problemas e até como procede em caso de acidentes. "A família precisa saber a quem recorrer e como agir diante de brigas do seu filho com colegas, dificuldades de entendimento da matéria, entre outros", diz a psicóloga Ana Inoue. A comunicação pode ser feita via agenda, bilhetes ou telefone. "Mesmo assim, os pais podem ligar para escola quando acharem necessário", diz Luciana.

10. Qual é a sua posição em relação a faltas?
Saber se o professor faltará e quando isso vai ocorrer facilita o planejamento dos pais, ensina a psicóloga Ana Inoue. Em todo Brasil, a falta de professores (ou absenteísmo) é um problema sério. No Estado de São Paulo, por exemplo, os professores faltaram ao trabalho 15% do ano letivo de 2007. No ano passado, uma lei limitou o número de faltas dos docentes paulistas, mas esse controle não acontece nas demais regiões do país. Por isso, é importante antecipar-se e perguntar sobre o número de ausências previstas e sobre a postura dele em relação a isso


 

Bibliografia da monografia

Todo trabalho científico tem embasamento teórico, demanda muita pesquisa  e precisa de rigor para fundamentar o  tema  escolhido.
Os teóricos que selecionei estão em áreas diversas do conhecimento, e  investigaram  corpo e a mente do ser humano.
Portanto são médicos, psicólogos, psicanalistas, teólogos, sociólogos,  professores, mestres e doutores em inclusão.
Admiro e respeito esses  estudos  e  sou  grata  por  propiciarem-me  a  realização dessa monografia.

Com carinho

Magda  Cunha


Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em aprendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino
mag-helen.maravilha@gmail.com
www.promaravilha.blogspot.com



BIBLIOGRAFIA



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Conclusão da monografia

Esta é a ultima postagem da monografia sobre inclusão.
Infelizmente pouco mudou no cenário brasileiro desde que dediquei-me a esse trabalho científico de pesquisa.
Minha intenção é divulgar esse estudo  e  auxiliar  na  melhora da compreensão sobre os deficientes e a sociedade.
A inclusão social não é um modismo, nem será obtida de forma instantânea, é o resultado de um caminhar longo e decidido para o  reconhecimento da cidadania.
Seja um divulgador desse  direito,  socialize seu novo olhar  e  participe dessa  trajetória.

"NASCER DEFICIENTE É UM FATO, TORNAR-SE É UMA POSSIBILIDADE".

CONCLUSÃO
Concluí ao realizar essa monografia que a aventura do conhecimento não se compatibiliza com a verdade absoluta.

Assim a flexibilidade apresentada através de ponderações, questões e sugestões levantadas para este trabalho científico, constitui-se acima de tudo, num momento dialético, gestor de uma articulação entre conceitos, que constantemente oscilam entre o desequilibrar e reequilibrar.

 Refleti, enquanto sujeito histórico com vivências e leituras diferenciadas, promovi trocas, incitei novas perguntas, por conseguinte, aprendi, ensinei, pesquisei e gerei alternativas para contribuir, com os recursos que tive, sem idealismo, mas considerando meu sonho, para efetivar a necessária transformação da educação inclusiva brasileira.

 Debati sobre o aluno PNEE (portador necessidade educacional especial) e todos envolvidos no processo de aprendizagem, retomei conceitos, ao que tange, as mesmas “reais” igualdades de oportunidades, através da inclusão escolar e práticas sociais éticas, para além da aparência “estética”.

O conceito atual de crianças portadoras de necessidades especiais é antes de tudo o reflexo, da concepção que adquiriram ao longo de sua história, e muito há que amadurecer para que haja realmente a inclusão.

Entendo que as idéias em torno da educação inclusiva fazem parte de um processo maior que é o da inclusão social.

A suposição de que haja excluído pressupõe a existência de incluídos e, mais, que a situação dos incluídos é a normalidade, mas isso deve ser posto sob suspeita.

Reconhecer diferenças não significa construir um discurso justificador das distinções sociais. Significa recusar o discurso da normalidade “padrão” e salvaguardar as identidades segundo suas características “diferenças individuais”.

A grande e central questão é exatamente essa: definir um conjunto de pessoas pelo viés da deficiência, em lugar de assumir uma perspectiva que reconheça diferenças, enxergando outras competências.

Faz parte desse processo também recusar políticas públicas assistencialistas e apoiar as que levem em conta os direitos dos segmentos sociais diferenciados.

As escolas que não estão atendendo alunos com deficiência em suas turmas regulares se justificam, na maioria das vezes pelo despreparo dos seus professores para esse fim.

Existem também as que não acreditam nos benefícios que esses alunos poderão tirar da nova situação, especialmente os casos mais graves, pois não teriam condições de acompanhar os avanços dos demais colegas e seriam ainda mais marginalizados e  discriminados do que nas classes e escolas especiais.

A inclusão não prevê a utilização de métodos e técnicas de ensino específicas para esta ou aquela deficiência.

Os alunos aprendem até o limite em que conseguem chegar, se o ensino for de qualidade, isto é, se o professor considerar o nível de possibilidades de desenvolvimento de cada um e explora-las,  por meio de atividades abertas, nas quais cada aluno se enquadra por si mesmo, na medida de seus interesses e necessidades, seja para construir uma idéia, ou resolver um problema, realizar uma tarefa.

Eis aí um grande desafio a ser enfrentado pelas escolas regulares, tradicionais, cujo paradigma é “conteudista”, e baseado na transmissão dos conhecimentos.

Novos enfoques curriculares, metodológicos e avaliativos, que possibilitem a construção coletiva, significativa e eqüitativa dos conhecimentos são instrumentos para efetivação da escola para todos, inclusiva.

Um caminho primeiro quando se pensa em inclusão é ajudar o professor a perceber-se como sujeito para que então, possa ver seu aluno em sua subjetividade. Ajudá-lo a tecer um saber, a pensar sobre sua metodologia, sobre seu aluno.

Todos estudantes, quaisquer que sejam suas capacidades, irão beneficiar-se das aulas de educação que sejam menos dependentes de livros e mais experiências, mais cooperativas, mais holísticas e mais muiti-sensoriais.

O trabalho coletivo e diversificado nas turmas e na escola como um todo é compatível com a vocação da escola de formar gerações.

É nos bancos escolares que aprendemos a viver entre os nossos pares, a dividir as responsabilidades, repartir as tarefas.

A escola prepara o futuro e de certo que se as crianças conviverem e aprenderem a valorizar a diversidade nas suas salas de aula serão adultos bem diferentes de nós, que temos de nos empenhar tanto para defender o indefensável.

          O exercício dessas ações desenvolve a cooperação, o sentido de se trabalhar e produzir em grupo, o reconhecimento de diversidade dos talentos humanos e a valorização do trabalho de cada pessoa para a consecução de metas comuns de um mesmo grupo.

Mas este é apenas um esboço, o início de um novo período, um iniciar investigativo e reflexivo da conduta inclusiva.

Não se muda a escola num “piscar de olhos”, a perspectiva de efetivação demanda da alteração do consciente social e da perseverança dos que acreditam na realização desse sonho.

 Alves descreve a aprendizagem com muita habilidade:

O sabido é o não-pensado, que fica guardado, pronto para ser usado como receita, na memória desse computador que se chama cérebro. Basta apertar a tecla adequada para que a receita apareça no vídeo da consciência. Aperto a tecla moqueca. A receita aparece no meu vídeo cerebral: panela de barro, azeite, peixe, tomate, cebola, coentro, cheiro verde, urucum, sal, pimenta, seguidos de uma série de instruções sobre o que fazer.

Não é coisa que eu tenha inventado. Me foi ensinado. Não precisei pensar. Gostei. Foi para a memória. Esta é a regra fundamental desse computador que vive no corpo humano: seduzir o aluno para que ele deseje e, desejando, aprenda”.(Alves, 1994)

            Ronca et. Alli. dão uma dimensão ímpar da formação dos seres:

            “O nosso coração e a nossa razão são, também, o “coração e a razão”  da cultura  em que vivemos. Vale relembrar: ela penetra em nosso ser como um soro acoplado a uma agulha em nossa veia: aos pingos, então, paulatinamente; na veia, então, profundamente. Em ambos os casos, inexoravelmente!

            Assim sendo, para se atingir o coração ou a razão, entenda-se a personalidade, a que se procurar outro tipo de linguagem, pois a usual, muitas vezes, não atinge na plenitude e na profundidade que desejamos. É ... a razão torna-se “cega”...  e o coração “surdo”....”. (Ronca, 1999)

Magda  Cunha


Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em aprendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino
mag-helen.maravilha@gmail.com
www.promaravilha.blogspot.com

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Minhas experiências com inclusão

 RELATO DE EXPERIÊNCIAS

                                                      foto meramente ilustrativa

continuação  da  monografia ...


Em 1994 iniciei minha trajetória como professora.  São dez anos e cada vez mais aprecio a prática pedagógica e inúmeras aprendizagens que adquiro continuamente.

A escola pública foi meu primeiro local de trabalho,  com a turma do ensino fundamental, 1º ciclo, na época  ciclo básico iniciante “cbi”.

Minha turma tinha quarenta e três alunos, sendo que sessenta por cento estavam na idade regular de ingresso no ensino fundamental e os demais eram repetentes e crianças que foram retiradas das ruas pelo projeto, do então prefeito, Mario Covas “Nenhuma criança fora da escola”.

Trabalhar com essa diversidade me fez perceber que o significado da aprendizagem era diferente para algumas dessas crianças.

Observei que eram vários os centros de interesse, hábitos e expectativas que tinham em relação a escola e que precisava envolver a todos, respeitando suas diferenças.

O primeiro objetivo foi conhecê-los, ouvir suas histórias, integrar a turma, criando um vínculo afetivo entre todos. Logo perceberam que todos eram interessantes e tinham bastante para ensinar aos demais.

Para facilitar que enxergassem e ouvissem  melhor o relato dos amigos organizei as carteiras em um grande círculo.  Essa proposta foi  adotada nos dias seguintes e tornou-se uma rotina durante nossas aulas.

Elaboramos um conjunto de regras para nossa turma conviver bem e confeccionamos um grande cartaz  fixado posteriormente num canto da lousa.

Através dos assuntos elegemos alguns temas de estudo e principiamos os conteúdos de maneira combinada, isto é, interdisciplinarmente.

Era época das olimpíadas, então aproveitamos para realizar as competições na aula de educação física, os enfeites na aula de artes, as localizações geográficas no mapa mundi e curiosidades de cada nação em história e ciências.

Foi um trabalho árduo, pois precisaram aprender a trabalhar cooperativamente, ouvir a opinião dos colegas,  dar sua opinião e chegar a um único “veredicto”.

Esse exercício rendeu inúmeras confusões e também por vezes desânimo, nessas horas intervinha e mediava a situação para continuidade da atividade.

Aos poucos aprenderam os códigos de conduta e as atividades ficaram prazerosas, não queriam descer para o lanche ou arrumar-se para a hora da saída. Chegavam lamentar o pouco tempo em que ficavam na escola.

Ouvia a todos e explicava sobre as regras escolares e a importância de cada turma cumpri-las. Entretanto concordava em sigilo   que o período  escolar integral daria margem para realização de excelentes trabalhos.

Cheguei ao final do semestre com um índice de alfabetização animador, alguns  liam e escreviam, outros formavam hipóteses próximas e os demais continuavam apresentando progressos.

Meu contrato como professora ACT (contratada)  venceu em setembro e entreguei a classe para professora titular, que retornava da licença saúde.

  Refletindo minha prática com essa turma, analisei as críticas de outras professoras que achavam minhas aulas barulhentas e pouco produtivas. Sempre acreditei que a aprendizagem promove uma turbulência interna, empolgação e alegria que se  expressa “por todos os poros”,   impossível portanto de acontecer em carteiras enfileiradas, bocas caladas e corpos  inertes.

Continuei lecionando em outras turmas na escola pública e particular, cada vez mais constatando a necessidade de ouvir aos alunos, planejar e executar os conteúdos partindo do perfil da turma.

Ao respeitar as experiências anteriores, valorizar seus conhecimentos, tornar os conteúdos significativos participei de suas transformações enquanto me auto-transformava.

O envolvimento e comprometimento dos alunos continua sendo  o combustível para minha s reflexões e replanejameno contínuo da prática educativa.

Em 2000/01  tive a oportunidade de ser voluntária  em uma ONG (organização não governamental), cujo trabalho social é abrigar  e  prover  tudo  que  for  necessário  para  portadores de doenças graves, bem como seu acompanhante.

Essas pessoas são oriundas de diversos estados brasileiros e países da América Latina, permanecendo na instituição pelo tempo necessário para  sua reabilitação. 

Um dos projetos  da ONG  era   viabilizar a aprendizagem àquelas crianças excluídas do ambiente escolar, devido seu estado de saúde e distância do local de origem.

A experiência de convivência dessas famílias já era um fator estressante, por que dividiam ambientes comuns (estrutura da casa) e  diversas doenças,  com alta rotatividade de pacientes, não permitindo  estabelecer  vínculos  permanentes.

          Assim  o trabalho também foi estendido às famílias, buscando entender  qual   expectativa  escolar  tinham para seus filhos naquele dado instante.

         Quando principiei o trabalho  na ONG, reportei-me ao início de minha carreira em 1994 e vi o quanto aquela experiência  me propiciara segurança para trabalhar com essa diversidade.

     Todavia previ que  o diferencial da saúde, os deixaria  apáticos, desmotivados e pouco envolvidos.

Conhecer cada criança e planejar individualmente suas atividades foi  o procedimento no  período de adaptação. Posteriormente para tornar o trabalho cooperativo e promover a troca de experiências elegemos alguns temas de interesse geral, como filmes, notícias atuais, esportes e até suas condições de saúde.

O tempo de permanência dos “alunos-pacientes”, na ONG, variava de acordo com a intensidade do tratamento,  bem como sua freqüência nas aulas.

Ao retornarem para as escolas de origem, cada qual levava o conteúdo trabalhado e relatório de  freqüência nas aulas.

A coragem e determinação desses alunos me fez perceber o quanto é necessário a escolarização das pessoas portadoras de necessidades especiais para dignificar sua existência.

O estado de saúde não lhes mata a curiosidade, criatividade, inventividade e envolvimento para superar desafios e construir aprendizagens.

Durante esse convívio ficou nítido como a inserção social restaura a auto-estima, que a aprendizagem  recoloca  o aluno  no eixo de membro ativo da comunidade e por conseguinte o valoriza 

A felicidade e empolgação com que participavam das atividades me davam força para superar o sofrimento partilhado com aquelas famílias e mediar dignamente suas aprendizagens.

Atualmente sou professora de Educação Infantil, minha turma tem sete alunos com idades entre  cinco e seis anos.

Realizo um trabalho de formação de opinião através da filosofia para criança e procuro mediar situações para que sejam autores do seu pensar.

Essa fase é extremamente lúdica e prazerosa de trabalhar, porém a massificação já está presente e  o padrão social vigente em nossa cultura transparece a todo instante.

A preferência pela pele branca, olhos claros, cabelos lisos,  corpo esbelto, roupas de grife, brinquedos eletrônicos, passeios a parques de diversão e lanchonetes da moda, desenhos de canais pagos e lançamento de filmes,  denotam regra para  suas interações.

Procuram disputar o tempo para realização das tarefas e sentem  necessidade de  ser pontuados, classificados em suas produções.

Preferem formar grupo com os amigos mais populares e excluem os indesejados ou menos atraentes.

Analisando o comportamento desses pequenos identifiquei a sociedade miniaturizada e seus valores. Eles são os frutos da mídia, da intolerância e competitividade. Portanto é nesse momento que a inclusão precisa ser constituída, firmar raízes para desabrochar num futuro próximo.

Meu planejamento foi envolvido por essa proposta e busquei alternativas para semear nesses pequenos cidadãos uma sociedade que respeite as diferenças individuais, que faça escolhas ao invés de somente copiar, imitar, reproduzir a idéia de outros.

O currículo da Educação Infantil é muito rico e dá oportunidade para uma vasta possibilidade de trabalhos.

Escolhi  trabalhar  com a identidade dos seres humanos, o que os diferencia ou assemelha em sua constituição física e  hábitos culturais.

Observei que o aniversário de quatrocentos e vinte e cinco anos de São Paulo era um assunto rico para explorarmos as nacionalidades que compuseram a formação da cidade, em sua diversidade e pluralidade.

Apresentei  as  atividades como  sendo uma viagem pelo mundo, onde iriam conhecer diferentes culturas, hábitos e teriam muitas novidades.

Trabalhamos a localização geográfica, pontos turísticos, lendas, alimentos, vestes, músicas, danças típicas e grandes personalidades.

Confeccionamos instrumentos musicais, moradias, vestes, dançamos e preparamos um prato típico de cada nação.

Para tecer uma cultura com a outra procurávamos suas contribuições em nossos hábitos e tradições, nas lendas, vestes, artesanatos, culinária, língua falada e escrita.

    Pesquisei autores que na literatura infantil abordassem a inclusão e adotei os autores Ziraldo, Rubem Alves e Regina Reno para leitura e interpretação de texto.

Aprendi muito com essas atividades, observei que somente oportunizando o conhecimento de diferentes culturas, abrimos uma gama de novas formas de viver, de pensar, de criar e modificar a prática.

Finalizo esse relato certa de que a inclusão é cada vez mais necessária na prática educativa, que a escola é o canal preponderante para mudança de concepções e formação de novos conceitos.

Magda  Cunha


            Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em aprendizagem,
            consultora na rede pública e particular de ensino
            mag-helen.maravilha@gmail.com
            www.promaravilha.blogspot.com