quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Parques ao vento


Nessa  segunda-feira, 02/08/2011, fui  ao  parque  da  Aclimação fazer uma  caminhada  e  antes  de  ir  embora, fiquei  descansando  no  play  ground.
Eram  16 00hs,  o  sol  estava  morno  e  quase  não  ventava. Uma  tarde  nada  típica  para o  inverno.
Parei  ali  por  uns  instantes  e  reparei  o  total  isolamento  do  parque. Nenhuma  criança,  só  o  sol  e  o  vento.
Não  podia  ser  diferente,  as  aulas  haviam  começado  e  agora  a  vida  por  ali  só voltaria  aos  finais  de  semana.
Reportei-me  a  infância  de  meus  filhos  e  constatei  que  há  vinte  anos  as  coisas  eram  diferentes, todo  dia  era  dia  de  parque,  antes  ou  após  as  aulas.
Não  lembro  daquele  parque  esvaziado, silencioso, com  um tempo  tão  agradável.
Onde  estariam  as  crianças? Todas  em  escolas?  Muitas  de  tempo  integral,  como  creches  e  centros de  juventude?
Seria  mesmo  só  esse  o  motivo? As  famílias  passam  muito  tempo  fora  de  casa  e  suas  crianças  nas  escolas?
A  violência  e   a  insegurança   das  crianças  também  seriam  fatores  para  o sumiço  delas?
Tentei buscar  na  memória  o  som  daquele  parque  repleto  de  falas,  risos,  movimentos  e  traquinagens  e  então  o  cenário  ficou  completo.
Como  eram  ricas  as  interações  sociais,  todo  tipo  de  gente, mistura de  raças, credos  e camadas  sociais.
Sempre  meus  meninos  conheciam  alguém, as  vezes  nem  peguntavam o nome,  mas  tinham  compartilhado brinquedos,  idéias, brincadeiras  de  faz  de  conta  ou  do  universo  infantil,  como  mamãe  polenta,  casinha, pique-esconde ...
Ao  longe  os  observava   e  sentia  que  estavam  constituindo  os  seres  que  hoje  o  são.
Na  escola  também  tinham  esse  momento,  porém  com  menor  liberdade, as  vezes  conduzidos, outras com  objetivos  e  finalidades  já  pré-definidas  pelos  professores.
A  escola por  si  só  já  caracteriza  o  perfil  dos  educandos,  a  camada  social, os  valores  e  regras de  convivência, tornando  as  interações menos  ricas  e  espontâneas.
Será   esse  o  motivo   do  crescimento  da  intolerância   nos  jovens  e  futuros  adultos,  a  falta  de  convivência  mais  abrangente,  das  relações  mais  complexas  e  sem  controle  dos  adultos?
Os  parques  de  diversão  são  verdadeiros  laboratórios  de  relacionamentos, de  estratégia para  a  vida  e  busca  de  resolução  de  problemas.
Como  diz  uma  amiga  minha, Adélia, "o  brincar  é  o  trabalho  da  criança".  E  é  por  meio  dele ,que a  criança, entende  a  vida  em  sociedade, e  se  faz  cidadão.
Espero  que  tenha  sido  só  uma  coincidência  o  parque  vazio, e que diariamente esteja  ventando  alegria, com  aquele  burburinho  gostoso,  que  só as crianças podem  nos  dar.

Magda  Cunha


*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em prendizagem,
consultora na rede pública e particular de ensino.
mag-helen.maravilha@gmail.com
www.promaravilha.blogspot.com


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